Crédito: cobradores ameaçam famílias para recuperar dívidas - TVI

Crédito: cobradores ameaçam famílias para recuperar dívidas

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Agência Financeira entrevistou duas pessoas dispostas a dar a cara e a denunciar a situação

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Por causa da crise ou por outras razões, há muitos milhares de famílias que devem prestações aos bancos e a outras entidades financeiras, lojas e outras empresas. Há no mercado quem se dedique a recuperar prestações em atraso, mas nem todos os recuperadores de crédito seguem as regras.

Há relatos de ameaças veladas e perseguições, visitas insistentes a casa sem aviso prévio, chamadas para o local de trabalho e até esperas à porta da escola dos filhos.

A associação do sector (APERC) reconhece que isso acontece, mas faz questão de separar as águas e diz que, também aqui, muitas vezes paga o justo pelo pecador.

«Nós temos a certeza de que os associados da APERC seguem um rígido código de conduta, mas sabemos que há outras empresas que não seguem as mesmas regras. Há empresas com boas e más práticas, e não é justo que se confundam as duas», refere o director executivo da APERC, António Gaspar, em entrevista à Agência Financeira.

«O consumidor em incumprimento não é um bandido»

A Associação condena as atitudes menos éticas de algumas empresas do ramo, e aconselha mesmo os consumidores que se sentirem ameaçados a fazerem queixa às autoridades.

«O consumidor que está em incumprimento não é nenhum bandido, não é nenhum criminoso, é uma pessoa que, numa altura do contrato, deixou de cumprir com o pagamento, muitas vezes por razões que lhe são alheias», admite.

Casos de verdadeiro desespero

A Agência Financeira falou com duas famílias que se queixam de ameaças e perseguições por parte dos credores. Olga Magalhães, por exemplo, enfrentou dias difíceis no trabalho, por causa deles.

«Ligaram para o escritório dos meus chefes, ligavam várias vezes por dia para o meu local de trabalho, as minhas colegas atendiam 5 ou 6 telefonemas por dia das financeiras que andavam à minha procura. Mesmo depois de dizerem que eu já tinha saído, continuavam a ligar. Sentia-me muito envergonhada, não me sentia à vontade a trabalhar na minha própria empresa», recorda.

Já Elisabete Queirós, descreve ameaças e uma perseguição sem descanso. «Pedi ajuda a muitas instituições, escrevi à Deco, até aos ministros, ninguém me ajudou», lamenta. Hoje em dia, a situação está a caminho de se resolver. A insolvência já foi pedida, mas a família vai perder a casa e o carro.

Em ambos os casos, a situação de sobreendividamento não se prende apenas com o consumo de bens supérfluos, como acontece com algumas famílias. Estas mulheres enfrentaram a maior crise que o mundo viu em quase 80 anos com casos de doença e desemprego na família e não viram outra saída senão pedir créditos, uns atrás dos outros, para continuarem a sobreviver e a pagar o que já deviam.
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