Taxas de juro sobem, mas só no próximo Verão

Uma retoma sustentada poderia alterar este cenário, mas para já somam-se os sinais de uma recuperação lenta da economia e de um mercado de financiamento aos bancos ainda bastante frágil. As instituições financeiras ainda estão muito dependentes do financiamento concedido pelo Banco Central Europeu; daí que as taxas de juro devam permanecer baixas durante pelo menos mais um ano, avança esta terça-feira o «Jornal de Negócios».

Se está a pagar um empréstimo para a casa, não vai sentir grandes aumentos nas prestações a pagar. O ritmo de subida será lento, pelo menos durante os próximos meses. Os contratos futuros fixam a Euribor a 3 meses abaixo dos 1,5% até Dezembro de 2012.

E se, por um lado, a Alemanha está a viver um período de grande crescimento económico, beneficiando da escalada dos países emergentes, por outro os EUA e o Japão mostram-se mais frágeis, intensificando os receios de uma retoma mundial lenta. Tanto que os bancos centrais dos dois países já anunciaram novos estímulos à economia.

Só que se a ideia é manter o acesso ao crédito barato, isso por si só não chega. O mercado de financiamento precisa de ganhar novo fôlego e os bancos têm de confiar uns nos outros na hora de emprestar dinheiro. E no que toca aos consumidores, a Euribor até pode ser baixa, mas o spread exigido pelos bancos é muito mais elevado do que há dois anos. Contas feitas, agrava-se o custo global de financiamento.

Daí que o BCE tenha tido que intervir. E só quando houver certezas de que o cenário de recessão é completamente afastado é que o mercado pode voltar a funcionar normalmente.

Para já, o que há são dúvidas sobre que caminho vai percorrer a economia e sobre a situação financeira dos bancos, pelo que o BCE deverá anunciar na quinta-feira a manutenção dos estímulos excepcionais ao sector.