Jornais alemães: gregos não votaram claramente no euro - TVI

Jornais alemães: gregos não votaram claramente no euro

Grécia

Imprensa diz que resultados não são esclarecedores quanto ao desejo de permanência no euro

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Vários jornais alemães de referência sublinham esta segunda-feira que a Grécia não votou claramente a favor da permanência do país no euro, e que também não se sabe bem o que Atenas pretende afinal da troika.

Para o «Frankfurter Allgemeine», jornal do mundo dos negócios, «se as segundas eleições parlamentares na Grécia no espaço de seis semanas eram um referendo sobre a permanência na união monetária, então o resultado esteve longe de ser uma impressionante manifestação dos eleitores a favor do status quo».

O matutino de referência lembra que a esquerda radical, a Syriza, obteve ainda mais votos do que a 06 de maio, e que o seu líder «gostaria muito de atirar as medidas de austeridade aos pés dos doadores estrangeiros».

Só a vitória de um dos partidos tradicionais, a Nova Democracia, «impediu que a despedida da união monetária comece, mas os conservadores de Antonio Samaras também não estão entusiasmados coma a política de austeridade», lembra o «Frankfurter Allgemeine».

Se a Nova Democracia formar novo governo, porém, «os alarmados parceiros europeus terão de lhes fazer cedências, porque a a hipótese de um país membro deixar a zona euro assusta os outros Estados pelo menos tanto como assusta os gregos», adverte o mesmo jornal.

«Não vai ser fácil formar novo governo na Grécia, e talvez ainda se tenha de chegar à conclusão de que estas eleições, afinal, não foram determinantes», adianta ainda o «Frankfurter Allgemeine».

Por seu turno, o «tageszeitung» afirma em manchete que «a Grécia continua dividida» após as eleições, e prevê que se nos próximos dias não se formar não um governo de unidade nacional "todos os intervenientes podem fracassar».

Na opinião do matutino esquerdista, a União Europeia «está num dilema», porque devia esperar que a Syriza, depois do seu sucesso eleitoral, possa governar, correspondendo à vontade do povo.

Por outro lado, «não se pode alimentar a Grécia eternamente, sem que o país também se esforce por viver com o dinheiro que tem», escreve o «tageszeitung».

O «Tagesspiegel», de Berlim, dá uma tónica ligeiramente mais otimista, escolhendo para manchete «Os gregos elegeram a Europa».

Em editorial, no entanto, o matutino liberal de Berlim pergunta se os gregos escolheram ou não o euro, e conclui que «provavelmente, nem eles sabem».

«Pode até ser tarde demais para manter a Grécia na moeda única», adverte o «Tagesspiegel», enumerando os custos desta decisão, orçada em 500 mil milhões de euros.

O jornal diz ainda que as «hesitações» da chanceler Angela Merkel se tornaram um problema para a Europa, «porque não conseguiu explicar aos alemães a importância do euro, para que estes admitam que é necessária uma política de reconstrução e de ajuda à Grécia».

Já os jornais franceses escrevem que o resultado das eleições foi uma vitória do euro, ainda que frágil.

Os gregos, por seu lado, mostram-se aliviados e esperançados num governo de coligação.
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