Economistas: acordo no OE é vital mas aumento de impostos divide - TVI

Economistas: acordo no OE é vital mas aumento de impostos divide

Conselheiro de Estado sugere mediadores entre Passos Coelho e Sócrates

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Os economistas são unânimes ao defenderem a necessidade de Governo e PSD se entenderem para viabilizarem o Orçamento do Estado (OE) para 2011. Mas quando se trata de saber quem deve ceder, as vozes divergem. Uns dizem que o aumento de impostos já é inevitável. Outros, que o PSD não deve ceder.

Mira Amaral, um dos 20 economistas recebidos esta manhã pelo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, para discutir a situação orçamental e económica do país, saiu mais cedo. À saída, deixou críticas à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) por recomendar o aumento dos impostos.

«O mínimo que eu pedia à OCDE é que dissesse ao Governo: fazem o favor de executar o PRACE, ver onde é que podem cortar do lado da despesa e depois logo vamos ver se é necessário aumentar impostos. Agora, começar a discussão orçamental pelo lado da receita, eu não aceito. Não é maneira de fazer as coisas», disse.

Mais radical é a posição de Miguel Cadilhe. O antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva aplaude, em declarações à TSF, a recusa do PSD a um aumento de impostos. «O PSD não deve tolerar qualquer agravamento fiscal. O país já fez isso vários anos e agora deverá dizer basta. A solução está pelo lado das despesas públicas, de modo nenhum no aumento de impostos», afirma.

«O Governo tem plena consciência da situação financeira em que estamos e tem de assumir pelo país a factura dolorosa da má política orçamental que fez até agora. Não vai pedir a outros que sejam solidários com os seus erros e desvarios de despesa pública», salienta.

Miguel Cadilhe não é um dos 20 economistas que o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, recebe esta terça-feira para discutir a situação do país.

Orçamento é necessário, mesmo que não seja o ideal

Já o conselheiro de Estado António Capucho diz que é preferível um Orçamento do Estado menos bom do que nenhum. O dirigente do PSD espera que o Presidente da República, que ouve esta semana os partidos com assento parlamentar sobre estas matérias, consiga convencê-los da necessidade de um acordo no OE 2011.

Em declarações ao «Público» e à TSF, o social-democrata diz que a negociação tem de se fazer, mas admite que Pedro Passos Coelho e José Sócrates não devem negociar directamente, se não conseguem fazê-lo. Por isso, sugere «um mediador independente».



«Muito dificilmente esta negociação pode ser encabeçada pelos dois principais líderes em causa, Pedro Passos Coelho e José Sócrates. Admito que esta negociação possa descer ao Parlamento com negociadores credenciados, do PS de um lado e do PSD do outro», explica.

António Capucho considera também que seria «útil à semelhança de situações paralelas a que assisti por essa Europa fora nos últimos anos a existência de um mediador, um facilitador, que possa testemunhar o que se está a passar e pela sua credibilidade e conhecimento da matéria possa mais facilmente favorecer esse acordo», adianta.

Mas não hesita em considerar as declarações de José Sócrates em Nova Iorque «antipatrióticas e inqualificáveis». E não tem dúvidas: «quem tem de ceder é o PS».
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