Banca só sairá da crise quando mostrar que «não se vai embebedar» - TVI

Banca só sairá da crise quando mostrar que «não se vai embebedar»

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Antigo ministro da Economia critica «pecados éticos imperdoáveis» do sector financeiro

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Para além de ser responsável por «pecados éticos imperdoáveis» na gestão de risco que levaram à crise, o sector financeiro «bebeu» demais. E só vai conseguir ultrapassar a crise quando demonstrar que «não vai embebedar-se» com novas inovações rapidamente vendáveis.

A opinião é do antigo ministro da Economia Augusto Mateus, que comentava o barómetro Edelman Trust Global, relativo a 2011, que avalia o nível de credibilidade e confiança nas empresas, Governo, ONG, media, sector financeiro e segurador, de entre 23 países. Para este economista, a banca «só vai sair desta crise quando fizer a própria correcção desta realidade».

O sector terá de ser capaz de «mostrar às empresas, aos cidadãos e aos consumidores que vai gerir bem o risco da inovação do crédito» e que não vai criar produtos financeiros que permitem sustentar o sector por «alguns momentos e que se vendem rapidamente e de qualquer maneira».

No caso de Portugal, a grande ilação que se pode tirar é a da quebra de confiança no Governo, nas instituições de regulação dos mercados e a queda de confiança nas instituições financeiras, segundo o mesmo economista.

Augusto Mateus procurou diferenciar a quebra de confiança no sector financeiro da queda registada pelo barómetro em termos do sector segurador. Em relação ao primeiro, «infelizmente ninguém o vai perdoar». Já o segundo tem um problema face «às elevadíssimas expectativas» que foram colocadas ao nível da sua actividade perante os tradicionais problemas da gestão pública.

«O sector [segurador em Portugal] está muito envolvido naquilo que é talvez o maior problema de restrição sobre os orçamentos públicos que é a questão do envelhecimento da população e da saúde», cita a Lusa.

Além disso, frisou, envolveu-se, e bem na sua opinião, no desenvolvimento de novos produtos, na tentativa de encontrar novas formas de actuação, mas «pecou por não compreender o risco elevadíssimo e a dificuldade de uma solução na linha privado/público, em vez de uma solução equilibrada entre a pública, Estatal e a social».

Onde impera a confiança?

O barómetro conclui ainda que os países com ganhos acentuados de confiança são actualmente o Brasil, Rússia, Índia e a China, levando a uma «verdadeira mudança do centro de gravidade a nível global». Já os EUA registam uma quebra de confiança a todos os níveis.

Questionado sobre esta evolução o presidente da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal considerou que o país tem vindo a apostar em novos mercados e, também, nos emergentes, mas que os Estados Unidos continuam a ser «um mercado estratégico» para as empresas portuguesas, cita a Lusa.

O barómetro em causa inclui pela segunda vez Portugal e foi feito junto de um público «informado, com formação superior e do escalão de rendimento mais elevado».
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