Descida do rating é «imoral e insultuosa» - TVI

Descida do rating é «imoral e insultuosa»

Faria de Oliveira, CGD

Presidente da CGD quer que autoridades europeias reajam ao «ataque» feito a Portugal

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[Última actualização às 11h25]

A descida do rating de Portugal anunciada ainda na terça-feira pela Moody`s é «imoral e insultuosa», no entender do presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Faria de Oliveira espera que as autoridades europeias se manifestem contra este «ataque».

«A alteração do rating da República pela Moody`s é imoral e insultuosa. Imoral em relação aos argumentos e fundamentos, insultuosa para Portugal, que com um novo Governo maioritário e o apoio de 80% dos eleitores está a aplicar rápida e determinadamente o acordo com a troika», disse à Lusa o presidente da CGD.

A decisão daquela agência de notação financeira ofende igualmente a «União Europeia, a Comissão Europeia e os Estados Membros, e também o Fundo Monetário Internacional (FMI), que deram o seu aval ao acordo que agora começou a ser implementado».

Estas autoridades «não são irresponsáveis», pelo que «a Zona Euro devia reagir perante este ataque e esta ofensa».

O Governo já veio lamentar a decisão da Moody`s, argumentando que ignorou os efeitos do imposto especial anunciado na semana passada. Os portugueses terão de contribuir com o equivalente a 50% do subsídio de Natal este ano em sede de IRS.

O Banco Central Europeu, por sua vez, remeteu uma posição sobre sobre o assunto para a restante troika - União Europeia e FMI.

O economista Manuel Caldeira Cabral classifica este corte da avaliação da dívida do país «profundamente» injusto.

Outro especialista, Luís Nazaré, vai mais longe e diz que as agências de rating deviam ser «varridas» da cena internacional. Mira Amaral classifica a decisão de «infeliz» e «terrorista».

Mais contido, o economista João Duque desvalorizou esta baixa no rating português. Entre os especialistas, as opiniões diferem: há quem diga que o corte era esperado, há quem tenha ficado surpreendido.

O Estado e as empresas portuguesas pagam por ano cerca de 9 milhões de euros às agências de rating, as mesmas que têm reduzido sucessivamente a nota da dívida soberana e que a colocam agora a nível de lixo financeiro.

A Moody`s empurrou o rating do país para a classificação de Ba2 - lixo ou junk - uma descida de quatro níveis, um dia antes de o país voltar aos mercados para emitir dívida. O teste foi superado, mas Portugal pagou juros mais altos no leilão desta quarta-feira, um dia negro para as bolsas, para os juros da dívida e também para o valor do euro.
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