Mais cortes? «Um passo em frente» para o abismo - TVI

Mais cortes? «Um passo em frente» para o abismo

Governo admite mais cortes para reduzir défice. Oposição falha em «falhanço» das actuais medidas e diz que «abismo» está mesmo perto

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As críticas são generalizadas. O Governo admitiu esta segunda-feira mais cortes para cumprir as metas do défice de 4,6% este ano. A oposição diz que isso é mais «um passo em frente» para o abismo que está já bem perto.

É dessa forma que o Bloco de Esquerda aponta o dedo ao Governo, acusando-o ainda de antecipar o «fracasso» das medidas de austeridade já tomadas. É preocupante, diz o BE, «que nesta fase do campeonato o Governo já ponha em causa o cumprimento dessas metas».

«Quando foi aprovado o Orçamento do Estado para 2011, o primeiro-ministro disse que as medidas de austeridade eram a única solução para tirar o país da situação em que se encontrava, o que constatamos hoje é que essas medidas foram a única solução apenas para quem mais tem e não foi chamado a fazer sacrifícios, permitindo apenas atirar o país para uma nova recessão económica e para níveis recorde de desemprego», afirmou à agência Lusa o deputado José Gusmão.

Para o BE «o Governo, num momento em que a economia se encontra à beira do abismo, tem como única solução dar um passo em frente».

CDS: «Não há espaço para mais medidas recessivas»

Do lado do CDS-PP, a deputada Cecília Meireles avisou que «não há espaço para mais medidas recessivas» e deixou um conselho ao Executivo liderado por José Sócrates: «A economia portuguesa caminha a passos largos para uma recessão e, pura e simplesmente, não há espaço para mais medidas recessivas. O Governo se quer medidas adicionais tem é que se concentrar naquilo que é a contenção da despesa e o emagrecimento do Estado».

Mais: «Se é verdade que as medidas respeitantes aos cortes de salários e aumento de impostos estão a ser aplicadas, também é verdade que todas as medidas que digam respeito à contenção da despesa, ao emagrecimento do Estado, aos cortes nas fundações, não aconteceram, até aumentaram».

Cecília Meireles considerou que falar em medidas adicionais sem concretizar o teor das medidas «só serve para lançar dúvida, incerteza e insegurança sobre a economia portuguesa».

PCP promete «mais firme oposição»

Merecendo «o mais vivo repúdio por parte do PCP», as medidas que o Governo admite vir a tomar atacam «os mesmos de sempre», na óptica deste partido.

O actual Orçamento do Estado «proposto pelo PS e viabilizado pelo PSD» já é «extraordinariamente gravoso para a maioria dos portugueses» e implica «um conjunto de sacrifícios inadmissíveis em nome da obsessão do défice», afirmou à Lusa o deputado do PCP António Filipe.

«Quando apesar deste Orçamento do Estado, o Governo vem ainda admitir que possam ser mais sacrifícios aos mesmos de sempre, isso merece o nosso mais vivo repudio e a contará com a nossa mais firme oposição».

O deputado comunista acusou ainda o executivo de José Sócrates de ter «dois pesos e duas medidas», protegendo os accionistas das grandes empresas, ao mesmo tempo que penaliza os trabalhadores, os funcionários públicos, os reformados e as camadas mais fragilizadas da população.

Mais medidas são sinal de «falhanço»

Para o partido ecologista Os Verdes, a possibilidade de medidas de austeridade adicionais como um «sinal claro de falhanço do Governo» e o reconhecimento da «incompetência».

«Sem sombra de dúvidas», todos os pacotes de austeridade até agora apresentados e aplicados não deram os resultados que o executivo garantiu que dariam, diz o partido, em comunicado.

Considerando que os portugueses têm razões para estar «profundamente fartos desta estratégia ilusória do Governo que só pede sacrifícios e mais sacrifícios àqueles que já estão estrangulados do ponto de vista social e financeiro», Os Verdes lamentam que alguns sectores, como o financeiro, fiquem sempre livres «das mais justas e elementares formas de contribuição».
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