Moody's corta 2 níveis ao rating de Portugal - TVI

Moody's corta 2 níveis ao rating de Portugal

Portugal (arquivo)

Perspectiva continua a ser negativa. Mais cortes a caminho?

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[Notícia actualizada às 8h36, dia 16 de Março, com reacção do Governo e informação sobre leilão de dívida]

A agência de notação financeira Moody's acaba de cortar a classificação da dívida soberana portuguesa, em dois níveis, de A1 para A3. A redução da nota portuguesa surge horas antes de Portugal voltar a enfrentar novo teste nos mercados para emitir dívida de curto prazo. No leilão desta quarta-feira, o Estado pretende vender até mil milhões de euros de Bilhetes do Tesouro a um ano.

A perspectiva sobre a dívida nacional mantém-se negativa, o que não afasta a possibilidade de novos cortes de rating nos próximos meses.

«A perspectiva de rating pode ser alterada para estável ou positiva se o défice orçamental diminuir conforme o previsto, levando a uma estabilização da relação entre endividamento e PIB, e se a perspectiva de crescimento económico melhorar», adianta.

Condições que, provavelmente, «levariam a uma redução no custo de financiamento do próprio governo e poderiam melhorar o acesso dos bancos ao mercado».

A redução da classificação surge acompanhada de várias explicações. Entre elas está a incerteza das perspectivas de crescimento da economia portuguesa no curto e no médio prazo, ou seja, enquanto as reformas estruturais, como a do mercado de trabalho ou a da Justiça, não surtem efeitos.

Relacionado com esta justificação surge ainda outro factor: o risco associado às metas orçamentais do executivo, que são «ambiciosas» e podem não ser cumpridas se as condições envolventes não forem tão favoráveis como o Governo projecta.

Para além disso, a agência identifica ainda como ameaça o aumento nos custos de financiamento da dívida portuguesa. «Permanecem questões sobre quando é que o governo será capaz de tornar a recorrer aos mercados de capitais e em que termos», pode ler-se no comunicado da agência.

O outro risco que pode pôr em causa os objectivos do Governo prende-se com a banca nacional: caso deixe de ter acesso a financiamento e venha a precisar de apoio financeiro estatal, as contas para a redução do défice podem deixar de bater certo.

O Governo já veio dizer que a decisão da Moody`s foi «precipitada».

Entretanto, os juros da dívida pública estão a acusar nervosismo esta quarta-feira, negociando em níveis perigosos.

Outras agências podem seguir a tendência

A decisão não é uma surpresa, uma vez que a agência tinha já alertado para a possibilidade e esteve há algumas semanas em Portugal a avaliar a situação das contas públicas para decidir se concretizava ou não a ameaça.

Além da Moody's, o país enfrenta a possibilidade de receber ouros cortes de rating, por exemplo da Standard & Poor's (S&P). No início do mês, a agência reconheceu que o Governo português está a colocar em prática medidas de estabilização orçamental e reformas económicas, mas, ainda assim, não afasta a possibilidade de se ver obrigado a recorrer a ajuda externa. A S&P falava ainda da «necessidade de financiamento externo elevado» e do «financiamento limitado».

Do mesmo modo, a Fitch considera que as cimeiras europeias deste mês são decisivas para a situação nacional, sendo que o país pode perder acesso ao mercado de financiamento.
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