Moody's corta rating da EDP, ANA, REN e Brisa - TVI

Moody's corta rating da EDP, ANA, REN e Brisa

Mantém nota da PT mas com perspectiva negativa

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A agência de notação financeira Moody's, a mesma que colocou a dívida soberana com classificação de «lixo» e que tinha já reduzido a notação de várias empresas, bancos, autarquias e das regiões autónomas, não desarma apesar das críticas, e volta esta sexta-feira à carga.

REN, ANA, EDP e Brisa viram a sua nota baixar para Baa3, dois níveis acima da República e ainda fora da categoria de «lixo».

Para a PT, a agência mantém a notação, que tinha sido revista em baixa a 7 de Junho, mas coloca-a sob perspectiva negativa, o que não afasta um corte no futuro. «A Moody's continua a analisar os efeitos na PT de um enfraquecimento adicional no ambiente operacional em Portugal, e a provável introdução de mais medidas de austeridade e de reformas estruturais que Portugal deverá realizar no curto e no médio prazo para controlar os problemas orçamentais e económicos», afirma.

Numa nota divulgada esta sexta-feira, a Moody's reconhece que a PT tem uma «forte posição de mercado» nas comunicações fixas e móveis e na televisão paga, mas diz-se «preocupada com a deterioração do ambiente macro em Portugal». Assim, avisa, uma quebra no consumo com impacto na PT pode ditar nova descida de nota.

No que se refere à EDP, o corte abrange também a sua subsidiária espanhola Hidroelectrica del Cantabrico e a EDP Finance BV. A eléctrica passa de Baa1 para Baa3, e foi colocada em outlook negativo, ou seja, a Moody's não afasta um novo corte.

A agência financeira reconhece a «diversificação geográfica e negocial da EDP», mas nota a «incapacidade da empresa de se desligar por completo das tensões no mercado da dívida para emissores portugueses e as circunstâncias regulatórias e económicas locais que podem vir a piorar».

A quebra anunciada pela Moody's está directamente ligada ao corte efectuado ao rating de Portugal na terça-feira.

A Moody's salienta, também, que futuros cortes no nível de Portugal não «resultariam automaticamente num movimento semelhante para o rating da EDP», mas mantém a empresa com perspectivas negativas.

Também esta sexta-feira, a ANA - Aeroportos de Portugal viu a sua classificação baixar de A3 para Baa3. «Apesar de o perfil de crédito da ANA ser sólido, actualmente considerado compatível com uma classificação de pelo menos A3, o rating da ANA é limitado pelo da República», afirma.

A agência toma esta decisão já que as empresas de infra-estruturas e utilidades «não têm normalmente um rating maior do que duas notas acima do Governo do país em que a maioria do seu negócio está presente».

Além do corte de três níveis do rating da empresa gestora dos aeroportos portugueses, a agência de notação financeira também reduziu a classificação da dívida da ANAM - Aeroportos e Navegação Aérea da Madeira de Baa3 para A3. Esta dívida refere-se a 50 milhões de euros de títulos da ANAM - Aeroportos e Navegação Aérea da Madeira com maturidade em 2014 com um juro de 5,34% garantidos pela ANA. «Os ratings continuam em revisão para possível corte», disse ainda a Moody's em comunicado.

Quem também não escapou foi a REN, cuja nota baixou um nível para Baa2, na sequência do corte da dívida soberana, mas mantém a empresa «sob revisão», ou seja, também aqui se admite um novo corte.

Já a Brisa Concessão Rodoviária (BCR), viu a nota baixar dois níveis para Baa3, igualmente sob revisão para possível novo corte.

Para que estes novos cortes não se concretizem, a REN e a Brisa terão de manter «a capacidade de sobreviver ao fecho dos mercados de dívida para os portugueses por um período de pelo menos dois anos, num contexto de stress, incorporando receitas mais baixas e custos de dívida mais elevados».
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