Mário Centeno escolheu anunciar fora de portas, em Londres, que a capitalização da Caixa Geral de Depósitos iria ficar concluída hoje, quarta-feira, mas afinal será só amanhã. O ministério das Finanças já avisou as redações do lapso de Centeno, que pensava que hoje já era quinta-feira. Foi em entrevista à Bloomberg que fez o anúncio. O desfecho do processo acontece antes de abril, que era a data prevista pelo Governo.
A forte capitalização da Caixa fica fechada hoje, precisamente". [Afinal será amanhã]
O Estado vai, assim, injetar 2,4 mil milhões de euros no banco público esta quarta-feira, num processo que foi ainda iniciado pela administração de António Domingues.
O atual presidente, Paulo Macedo, herdou-o e da única vez que falou sobre o assunto foi dois dias depois de tomar posse, para elogiar o plano "robusto" do seu antecessor. Sobre se dinheiro chega, nessa altura disse que, com apenas dois dias em funções, não podia "dar garantias".
Ainda a propósito do banco público, foi hoje noticiado que a Caixa aproveitou o perdão fiscal do Governo e, com isso, conseguiu poupar 21 milhões de euros.
Novo Banco: negócio fechado esta semana
Na mesma entrevista, Centeno também se mostrou confiante, tal como o primeiro-ministro, na conclusão iminente do negócio do Novo Banco. "Vamos agora fechar o negócio do Novo Banco". A seguir, numa palestra intitulada "As Perspetivas para Portugal e para a Europa" realizada no auditório daquela agência de notícias, precisou melhor.
O processo de venda do Novo Banco está nas fases finais e a assinatura será feita esta semana"
Centeno referia que, quando chegou ao poder, o Governo tinha encontrado vários problemas relacionados com o setor financeiro e que já tinha resolvido a maioria, estando o processo de venda do Novo Banco, que "estava parado", em vias de resolução.
António Costa deu ontem a indicação de que seria ainda esta semana.
Mário Centeno frisou à agência Bloomberg que Portugal vai sair do procedimento por défice excessivo e congratulou-se pelo facto de isso ser, aos seus olhos, um "progresso" na situação orçamental de Portugal e para a "credibilidade" do país.
Pequenos investidores tentam travar venda
Entretanto, é também notícia que cerca de 400 pequenos investidores do Banco Espírito Santo vão pedir a intervenção da Direção Geral da Concorrência da União Europeia para travar a venda do Novo Banco.
"O Governo não pode vender o que não é seu nem do Estado" e "o objetivo da resolução falhou em toda a linha”, lê-se num comunicado da MRA Advogados (Miguel Reis & Associados). O Consórcio para Defesa dos Investidores do BES afirma que admite levar a situação "escandalosa" ao Tribunal de Justiça.
Os investidores lembram que o Novo Banco "é um banco de transição", constituído por iniciativa do Banco de Portugal, para operar a resolução do Banco Espírito Santo, sendo o seu único acionista o Fundo de Resolução bancário.
BE insta Governo a apresentar números do negócio
Pelo Bloco de Esquerda, a venda do Novo Banco não se concretizaria. “Não acompanhamos o Governo em fazer mais do mesmo que é obedecer à Comissão Europeia que não quer mudar a estratégia que foi usada até agora", disse hoje Catarina Martins.
Cabe agora ao Governo apresentar os números do negócio que está a pensar fazer com a Lone Strar dos termos que negociou com a União Europeia não cabe ao bloco falar disso"..
Catarina Martins reiterou que a posição do BE é clara quanto à venda do Novo Banco. “[Os contribuintes] já pagaram demais pelo Novo Banco”.
Certo é que o banco pode ser vendido sem essa decisão ter de passar pelo Parlamento, uma vez que a venda seria entre o Fundo de Resolução e o comprador.
A coordenadora do BE reconhece que “não faz sentido no momento especular o que vai ser o futuro” em termos de uma eventual alteração legislativa poder levar a uma apreciação parlamentar.