«Não duvido que Portugal vá já amanhã ao FMI» - TVI

«Não duvido que Portugal vá já amanhã ao FMI»

Silva Lopes

Silva Lopes acredita que situação do país é grave depois de juros da dívida pública terem ultrapassado os 7%

Portugal não pode suportar os juros da dívida pública por muito tempo aos níveis actuais (perto dos 7%). Quem o diz é o economista José Silva Lopes.

«Não duvido que Portugal vá já amanhã ao fundo por causa de os juros estarem nos 7%», disse ao «Público», acrescentando que, mesmo que não seja amanhã, «se continuarmos a suportar juros na ordem dos 7%, a dívida pública acaba por explodir e não pode ser sustentada». Ou seja, mais cedo ou mais tarde, torna-se inevitável o recurso ao fundo de estabilização europeu e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Recorde-se que, esta terça-feira, os juros cobrados pelos investidores para deterem obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos atingiram um novo recorde nos 7,016%, depois de, há sensivelmente um mês, o ministro das Finanças ter dito que esta era a fasquia a partir da qual poderia ser preciso recorrer a ajuda externa.

Para o ex-ministro das Finanças, a intervenção do fundo europeu e do FMI teria duas vantagens. Por um lado, permitiria reduzir os juros da dívida e, por outro, traria medidas de ajustamento orçamental, que «os Governos não têm tido capacidade para fazer», cita o «Público».

Contudo, segundo Silva Lopes, algumas das medidas que Portugal seria forçado a implementar «podem ser difíceis de engolir e ser extremamente impopulares».

Também Luís Campos e Cunha, ministro das Finanças no primeiro Governo de José Sócrates, vê como cada vez mais provável a hipótese de Portugal recorrer ao FMI.

«À medida que os juros sobem, a necessidade de uma intervenção do fundo europeu de estabilização financeira e do FMI é mais urgente e mais provável», disse, ao mesmo jornal.

Campos e Cunha não entende as declarações proferidas pelo seu sucessor, Teixeira dos Santos, há cerca de um mês. «Foi um acto que decorreu da pressão que está a ser exercida sobre o ministro das Finanças», conclui.
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