«Revoluções não se anunciam na comunicação social» - TVI

«Revoluções não se anunciam na comunicação social»

Militares

Presidente da Associação Nacional de Sargentos contra declarações de Otelo Saraiva de Carvalho

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O presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS) manifestou-se esta quinta-feira contra as declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, considerando que as revoluções «não se anunciam na comunicação social» e que os militares têm o direito a manifestarem-se.

«Os militares sabem muito bem quais são as suas obrigações e deveres constitucionais e legais e depois, no limite, as revoltas e as revoluções não se anunciam propriamente na comunicação social e o senhor coronel saberá melhor do que ninguém nessa matéria», disse à Lusa António Lima Coelho.

O presidente da ANS reagia às declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, que, em entrevista à agência Lusa, afirmou que é contra manifestações de militares, mas defende que se forem ultrapassados os limites, com perda de mais direitos a resposta pode ser um golpe militar, mais fácil do que em 1974.

«Para mim, a manifestação dos militares deve ser: ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo», defendeu Otelo, num comentário à «manifestação da família militar», no sábado, em Lisboa.

«Não gosto de militares fardados a manifestarem-se na rua. Os militares têm um poder e uma força e não é em manifestações colectivas que devem pedir e exigir coisas», disse.

Mas diz compreender as suas razões e considera que as mesmas podem conduzir a «um novo 25 de Abril».

Para o presidente da Associação Nacional de Sargentos, as revoluções que mais se exigem neste momento «são acima de tudo revoluções de mentalidades» e exigir «a quem é conferido o voto de governar que cumpram as promessas feitas e os valores constitucionais e legais».

Lima Coelho adiantou que a lei aprovada por unanimidade na Assembleia da República «determina claramente em que condições os militares podem e devem manifestar-se», cumprindo, assim, os seus direitos de cidadania.

«Neste momento as associações socioprofissionais têm sido porta-voz e imagem da seriedade e elevação com que mesmo na discordância temos defendido as posições em que acreditamos», sustentou, acrescentando que vão continuar a «pugnar pelos valores e princípios» a que estão obrigados.

«Temos uma obrigação e um compromisso jurado com o povo português de honrar a constituição e de cumprir e fazer cumprir as leis da constituição da república», disse ainda.
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