«OE tem um efeito depressivo grande» - TVI

«OE tem um efeito depressivo grande»

Aperto de cinto

Defendeu o presidente da União das Mutualidades Portuguesas

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O presidente da União das Mutualidades Portuguesas (UMP) afirmou esta segunda-feira que o Orçamento do Estado (OE) para 2012 tem «um efeito depressivo grande» nos portugueses, com medidas «extremamente gravosas» que criam desigualdades e sentimentos de «revolta e indignação».

Em entrevista à agência Lusa, à margem do 10.º congresso da UMP, que decorre hoje e terça-feira em Lisboa, Alberto Ramalheira comentou algumas medidas do OE como a retenção dos subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos nos próximos dois anos.

«É evidente que estas medidas são extremamente gravosas para todos, mas sobretudo para os mais carentes. Não há dúvida que tudo isto vai reduzir o rendimento, o emprego e a possibilidade de funcionar a solidariedade familiar», adiantou.

As famílias, que são o «esteio fundamental» em alturas difíceis, vão sofrer «um corte substancial» na parte que conseguiam poupar e que servia muitas vezes para ajudar os familiares.

Agora, se falta este apoio, a situação agrava-se ainda mais: «Vai criar mais dificuldades no crédito malparado, o que vai afectar as instituições financeiras, que vão ter mais dificuldades», adiantou.

Este Orçamento do Estado vai ter «um efeito depressivo grande nas pessoas, que deixam de ter confiança no futuro e nas decisões que venham a ser tomadas», sustentou.

Além disso, observou, «há a presunção de que os sacrifícios não estão a ser igualmente repartidos. Há aqui um problema de equidade que não está a ser respeitada».

De facto, os pensionistas e os funcionários públicos ficam «muito maltratados» com estas medidas e, embora, o resto da população fique «um pouco mais aliviada» também vai sofrer os efeitos dos impostos que incidem sobre o consumo e que «vão pesar».

A situação que o país vive devia «criar nos portugueses uma onda de solidariedade, uma vez que estão todos no mesmo barco, mas o que cria é mais um sentimento de revolta e de indignação e as pessoas manifestam-se com razão», salientou.

Por outro lado, defendeu, em vez de aumentarem o IVA nos bens de primeira necessidade, deviam ser colectadas as grandes fortunas que conseguem «fugir» aos impostos através de off-shores.

«Tudo isto cria um sentimento de desigualdade e isso é muito mau», disse, alertando: «As pessoas estão insatisfeitas, desiludidas, descriminadas e injustiçadas e isso leva a sentimentos de ira, revolta e inquietação. Somos um país de brandos costumes, mas pode haver manifestações de alguma violência».

Para o presidente da UMP, é preciso dar «sinais muito claros» de que não há injustiças fiscais. «Há aqui uma iniquidade que provoca revolta e isto é grave do ponto de vista da coesão social porque vai provocar conflitos entre grupos profissionais».

«Os pensionistas e funcionários públicos sentem-se «discriminados em relação aos outros», avisa.

Para o responsável, quem elaborou do OE apenas analisou os «efeitos mais imediatos» das medidas sem ter em atenção «os efeitos de iniquidade» que iriam provocar e os efeitos perversos que esses meios iriam desencadear».

«Agora que as pessoas reclamam, reagem e indignam-se provavelmente os políticos poderão perceber que afinal haviam aspectos mais importantes do que aqueles que inicialmente tinham considerado no seu modelo», rematou.
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