Autoeuropa gerou 14,4 euros de riqueza por cada euro de apoio público - TVI

Autoeuropa gerou 14,4 euros de riqueza por cada euro de apoio público

Fábrica 03

Qualquer que seja a análise ao impacto mais profundo da Autoeuropa no tecido económico, a conclusão é sempre mista: as fornecedoras portuguesas da indústria automóvel são hoje empresas mais produtivas, facturam mais, mas perderam a oportunidade de dar um salto decisivo na cadeia de produção.

A indústria portuguesa de componentes já é 43% mais produtiva que a média da indústria transformadora do país, segundo os dados, referentes a 2003, obtidos a partir do sistema de informação estratégica para a indústria automóvel Istrat. O país, no seu conjunto, situa-se em cerca de 65% da produtividade média da União Europeia.

Também por efeito da Autoeuropa, a facturação da indústria de componentes quadruplicou nos últimos 10 anos e o sector automóvel no seu conjunto passou a ser o maior exportador nacional, com cerca de 24% do total, refere o Público.

Uma série de avaliações desenvolvidas nos últimos anos pelo centro de inovação Inteli, sobre o efeito Autoeuropa na economia, afasta dúvidas quer, por um lado, quanto ao elevado efeito multiplicador do projecto quer, por outro, quanto manifesta fragilidade das chamadas empresas de raiz nacional.

Os cálculos desta entidade, que se tem dedicado a implementar uma estratégia nacional para o sector e no âmbito da qual criou o Istrat, indicam que por cada euro de apoio concedido pelo Estado à Autoeuropa, esta gerou 14,4 euros de riqueza na economia, o que é considerado um valor elevado.

Apesar da riqueza gerada e de o projecto Autoeuropa ter cumprido o patamar dos 45% de incorporação nacional acordado com o Estado, o real peso do capital português envolvido é significativamente inferior ao estimado, ou seja, as empresas de capital maioritariamente nacional valem apenas dois por cento das compras à indústria de componentes instalada em Portugal. O resto pertence, na sua grande maioria, a empresas que se instalaram no país por causa da Autoeuropa. O capital de origem espanhola e alemã representa quase metade do total destas empresas.

Uma terceira constatação é a de que as transacções dos construtores automóveis portugueses com o resto da economia triplicaram, as linhas de montagem passaram a ter carros mais complexos (logo, com maior valor acrescentado), mas isso não gerou proporcionalmente mais riqueza junto dos fornecedores: o valor acrescentado garantido por estes em cada veículo produzido acabou mesmo por baixar, no final da década passada.
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