120 ou 60 dias? Rússia e Ucrânia querem prolongar acordo de exportação de cereais por períodos diferentes - TVI

120 ou 60 dias? Rússia e Ucrânia querem prolongar acordo de exportação de cereais por períodos diferentes

Moscovo anunciou prolongamento do acordo para exportar cereais pelo Mar Negro, Kiev também. Mas há um problema de 60 dias entre os dois países em guerra

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A Rússia e a Ucrânia continuam sem se entender, agora no que diz respeito ao acordo de exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro. 

Na segunda-feira, depois de um dia de negociações entre a Rússia e representantes das Nações Unidas em Genebra, Moscovo concordou em prolongar o acordo de exportação de cereais por 60 dias - e "apenas por 60 dias", como frisado por Sergey Vershinin, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia. 

"Qualquer outra resolução vai depender do progresso que for feito - não apenas falado, mas feito - na normalização das nossas exportações agrícolas, incluindo pagamentos bancários, logística de transportes, seguros, descongelamento de atividades financeiras e a continuação do fornecimento de amoníaco através do oleoduto Tolyatti-Odessa", sublinhava ontem o governante.

Mas a Ucrânia insiste que 120 dias é a extensão mínima permitida. Um alto responsável do governo de Kiev falou já esta terça-feira à agência Reuters, sob anonimato, garantindo que a Ucrânia vai manter os termos do acordo, que obriga a uma extensão de 120 dias. "Vamos seguir o acordo de forma rigorosa", insistiu a mesma fonte. 

Também esta terça-feira, uma fonte russa já tinha dito às agências que a extensão de 60 dias proposta por Moscovo significa que, depois de 60 dias, uma das partes pode pedir o fim do acordo. Mas a Ucrânia alega, segundo o The Guardian, que o acordo alcançado em julho do ano passado - o acordo original que tem sido prolongado até agora - define com clareza que as extensão são possíveis por um período mínimo de 120 dias, referindo que o primeiro acordo terá de ser revisto se uma das partes quiser um período de extensão mais curto. 

"Os russos perceberam que 60 dias não são legalmente possíveis, então estão a tentar encontrar uma saída", referiu fonte do governo ucraniano à Reuters. Kiev já tinha tornado público que queria a extensão do acordo de exportação de cereais durante pelo menos um ano e que tinha intenção de incluir os portos da cidade de Mykolaiv. 

ONU diz que prosseguem negociações informais

Já o Ministério da Defesa da Turquia, que intermediou juntamente com a ONU o acordo do ano passado, referiu esta terça-feira que, afinal, as negociações para a extensão do acordo, que expira no próximo dia 18 de março, continuam. Recorde-se que, na semana passada, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, esteve em Kiev para se reunir com o presidente Volodymyr Zelensky, obtendo luz verde para continuar a negociar o acordo para exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro.

Um porta-voz da ONU afirmou também esta terça-feira que o diálogo informal entre as Nações Unidas e as partes interessadas no acordo para exportação de cereais pelo Mar Negro continuam, revelando que as negociações presenciais com a delegação russa - que decorreram ontem em Genebra - já terminaram.

"As negociações terminaram ontem conforme acordado, mas prosseguem as consultas com todas as partes", revelou o porta-voz do gabinete de Martin Griffiths, representante da ONU para os assuntos humanitários, num e-mail enviado à agência Reuters.

Griffiths e a representante da ONU para o comércio, Rebeca Grynspan, encontraram-se em Genebra com a delegação russa liderada pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Vershinin, o mesmo que revelou que Moscovo tinha concordado com o prolongamento do acordo para exportação de cereais ucranianos por 60 dias.

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