Vá, nem toda a esperança está perdida para quem procura quarto no Porto. Encontrámos um quarto individual a menos de 200 euros. Ok, é um quarto interior, bem apertadinho, nem tem um armário para guardar a roupa. Mas tem uma coisa essencial para quem arrenda: privacidade.
São 150 euros ao mês. O que, de preço (o resto não sabemos) não é nada mau, quando comparado com outras ofertas na Invicta. Nesta cidade, a menos de 300 euros, só camas em beliches em camaratas, como aqui ou aqui. Quatro a seis pessoas por quarto. E também há quartos para dividir por dois.
Num dos anúncios escreve-se que se dá preferência a “um profissional que trabalhe”, o que prova que não basta ganhar salário para ter direito a independência neste país.
Ao contrário de Lisboa, no Porto não encontrámos nenhum frigorífico dentro do quarto. Descobrimos antes disponibilidade para contratos e respetiva declaração junto das Finanças – aqui e aqui também. Este último, como dá para 12 rapazes, a 290 euros por cabeça, encaixa 3480 euros.
No panorama geral, ao contrário da capital e arredores, no que respeita a condições dos quartos, não há nenhum anúncio que possa entrar na categoria de “escabroso”. O que não quer dizer que tenham preços dignos dessa palavra. Ora, na nossa pesquisa no portal Idealista, que reúne ofertas de várias plataformas, apareceram 213 resultados para o concelho do Porto. Destes, 101 custavam mais de 500 euros. São 47%, praticamente metade.
Para pagar este preço médio, sem ultrapassar os rácios aconselhados para a segurança das famílias, seria preciso que alguém recebesse no mínimo 1500 euros limpos, na conta, a cada mês. E essa não será uma realidade lá muito frequente em Portugal. E talvez quem os receba prefira outra coisa que não seja a partilha de casa.
Uma outra fatia considerável dos anúncios de quartos para arrendar no Porto estão entre os 350 e os 450 euros.
Tal como em Lisboa, no Porto há muitos anúncios geridos por plataformas de alojamento, escritos em inglês, a pensar naqueles com rendimentos suficientes para os pagar sem dificuldades: os estrangeiros.
Os mais caros da cidade
Já que é para gastar dinheiro, vamos aos mais caros. À cabeça surge uma suite por 1185 euros por mês. Sim, é daquelas que enche os olhos, digna de revista de decoração de interiores. Até tem uma kitchenette para poupar alguns trocos, sem ter de jantar fora. Depois há zonas de comuns para conviver com outros inquilinos do edifício. E um jardim ótimo para apanhar ar. Condição: é apenas para “estudantes e trabalhadores até 35 anos”, mas dá para dividir a despesa por dois. Neste empreendimento, há outras opções mais baratas, se lhe pudermos chamar isso: a 765 e a 835 euros. Nestes casos, não dá para dividir.
Também são “apenas para estudantes” estes quartos e estúdios numa residência. “O anúncio tem uma variação de preço em função do período de arrendamento e da disponibilidade”, avisam. Por mês, consoante a dimensão, podem custar entre 600 e os 870 euros. Sem contar com os custos de abertura de contrato.
É tudo um regalo para os olhos. Da secretária e cadeira ergonómica à piscina, passando pelo ginásio ou pela sala de karaoke.
Já por mil euros por mês, pode encontrar um quarto numa das zonas mais nobres da cidade, a Foz. É um quarto individual, com WC privado, “num T2 onde está outro estudante”.
A vista para o rio Douro é deslumbrante. E também cara, muito cara. As fotografias fazem a sua parte na divulgação, mas não há nada como ver ao vivo, dizem os proprietários. “Diria que o lugar parece 40% melhor na vida real, então definitivamente devia visitar-nos. Temos um sistema de aquecimento que é como na Alemanha, pouco comum em Portugal, que dá bom isolamento à casa”, descreve este anúncio escrito em inglês. Por mês, o quarto custa 950 euros.
Ao mesmo preço, e com a mesma vista, também há este.