Um bebé de dez meses morreu porque um médico enganou-se numa vírgula e passou um medicamento numa dosagem dez vezes superior à recomendada. O caso aconteceu no domingo, no Brasil.
O bebé, Henzo Elias, estava com vómitos e febre quando chegou ao hospital público de Santo António do Içá, um município que se localiza no interior do estado do Amazonas. Foi internado e o médico que o atendeu receitou-lhe dipironna e 25 miligramas de prometazina, um medicamento de combate a reações alérgicas.
De acordo com a Globo, o estado de saúde do bebé piorou depois de ele ter tomado a medicação. O bebé voltou ao mesmo hospital, onde o pai foi chamado pelo médico, que corrigiu a receita para 2,5 miligramas. Ou seja, o bebé tomou o medicamento numa dosagem dez vezes superior à normal.
O meu filho já estava muito doente depois de dois dias de medicação. O médico chamou-me em particular e pediu-me a receita. Mostrei-lhe a cópia e ele acrescentou um ponto entre o 2 e o 5. Disse-me 'errei aqui'. Fiquei a pensar 'será que ele quis apagar a prova?'", denunciou Rómulo.
A criança foi transferida para o hospital do exército, na quarta-feira. Mas depois de ter estado cinco dias internada, acabou por morrer.
Na certidão de óbito de Henzo Elias consta que a causa da morte foi um edema cerebral e uma hemorragia cerebral.
Segundo a Globo, o médico não está registado no Conselho Regional de Medicina. O que, de acordo com um promotor de Justiça ouvido pelo Globo pode suspender e penalizar tanto o médico como quem o contratou.
O homem tem o curso de medicina da Bolívia, mas não possui validação para trabalhar no Amazonas, uma vez que não está inscrito no Conselho Regional de Medicina. O profissional também não está vinculado ao "Programa Mais Médicos" do governo federal.
O Ministério Público do Amazonas está a investigar o caso, sendo que podem estar em causa crimes de negligência, exercício ilegal da atividade médica e até crime de homicídio.
Ainda em março deste ano, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas já tinha questionado o município de Santo António do Içá por contratar cinco médicos sem registo para trabalhar na cidade.