Nargis: desastre natural e «negligência» - TVI

Nargis: desastre natural e «negligência»

Ciclone Nargis

Gordon Brown denunciou o tratamento «desumano» da Junta Militar em Myanmar

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O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, denunciou o tratamento «desumano» conferido às vítimas do ciclone Nargis pela Junta Militar no poder, exigindo que as autoridades de Myanmar, antiga Birmânia, aceitem ajuda estrangeira.

«É desumano. Há uma situação intolerável suscitada por um desastre natural que é transformada em catástrofe por negligência humana e pelo tratamento desumano a que é sujeito o povo birmanês por um regime que não actua nem autoriza a comunidade internacional a fazer o que pode ser feito», declarou Brown em entrevista à rádio BBC Word Service.

O primeiro-ministro apelou à Junta que deixe de travar a ajuda estrangeira, enquanto milhares de sobreviventes da tragédia continuam sem água, comida ou abrigo.

«É da responsabilidade do regime birmanês, que terá que prestar contas», sublinhou Brown.

O director para a África, Ásia e ONU do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, Mark Malloch-Brown, considerou quinta-feira que as operações de socorros conduzidas pelas autoridades birmanesas constituem a pior resposta da história mundial recente a uma catástrofe natural.

«Não consigo lembrar-me de uma operação de socorros em que a resposta internacional tenha sido tão retardada», afirmou o diplomata britânico.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, considerou, por seu turno, que a recusa pela Junta Militar birmanesa de qualquer operação de ajuda internacional de grande envergadura após a passagem do ciclone Nargis não está longe de ser «crime contra a humanidade».

A Junta Militar aceita ajuda humanitária internacional em material e dinheiro, mas recusa receber voluntários estrangeiros para as operações de assistência.

A organização humanitária australiana World Vision prognostica que as consequências do ciclone Nargis na Birmânia poderão ser mais devastadoras que os efeitos do tsunami de Aceh, na Indonésia, que em 2004 causou mais de 226 mil mortos e destruiu várias regiões da Ásia.
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