FARC: Ingrid Betancourt «podia ser libertada» - TVI

FARC: Ingrid Betancourt «podia ser libertada»

  • Portugal Diário
  • 4 mar 2008, 08:36
O Presidente da Venezuela Hugo Chávez - Foto Lusa/EPA

Presidente do Equador diz que conversações estavam «avançadas»

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A operação do exército colombiano contra as FARC no Equador, que causou a morte do número dois da guerrilha, Raul Reyes, condicionou a libertação de 12 reféns dos guerrilheiros, incluindo a de Ingrid Betancourt, anunciou esta terça-feira o Presidente do Equador, escreve a Lusa.

«Lamento anunciar-vos que as conversações estavam bastante avançadas para libertar no Equador 12 reféns, dos quais Ingrid Betancourt», afirmou Correa numa mensagem ao país.

«Tudo ficou comprometido pelas mãos guerrilheiras e autoritárias. Nós não podemos descartar que essa foi uma das motivações da incursão (colombiana) e do ataque dos inimigos da paz», acrescentou.

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O ministro do Interior equatoriano, Gustavo Larrea, explicou que a libertação dos 11 reféns «não era uma contrapartida» e que deve prosseguir em Março.

«Nós não temos negociado outra coisa com as FARC a não ser a libertação de Ingrid Betancourt», disse o ministro, respondendo a acusações de cumplicidade com a guerrilha apontadas na segunda-feira por Bogotá.

Todos os contactos que o Equador manteve com a guerrilha tiveram «motivos humanitários» e foram feitos em conjunto com a França, acrescentou.

Acordo com «fins políticos»

O governo colombiano admitiu a possibilidade de existência de um «acordo com fins políticos» entre o executivo do Equador e a guerrilha das FARC, que podia incluir «tráfico de sequestrados».

Assim sugerem os documentos encontrados nos computadores do número dois das FARC, Raul Reyes, morto sábado numa incursão da Colômbia no Equador, divulgou em comunicado a sede do governo da Colômbia.

A nota foi publicada poucas horas depois do director da Polícia Nacional, Óscar Naranjo, informar a imprensa que, entre os arquivos dos computadores do insurgente, encontraram documentos relacionados com a negociação de um acordo entre as FARC e o Equador.

Nas negociações participou o ministro da Segurança Interna e Externa do Equador, Gustavo Larrea, como representante do Presidente Rafael Correa, que tinha reunido muito recentemente com Raul Reyes, explicou Naranjo.

Encontro para libertar reféns

Tanto Rafael Correa, como Gustavo Larrea, admitiram posteriormente a realização deste encontro, mas com fins humanitários, ou seja, com o propósito de ajudar os reféns detidos pela guerrilha colombiana.

No entanto, o comunicado colombiano adverte que «o acordo que (os equatorianos) estavam a negociar com as FARC, segundo o elemento de prova conhecido, seria com fins políticos, com decisões partilhadas para a nomeação de comandantes militares para a zona e a exercer actividades proselitistas».

«Isto não tem relação com a justificação que o governo equatoriano deu, de que estaria a avançar com acções humanitárias», acrescenta a mesma nota, que sublinha que «o que revelam os documentos tem muito mais características de tráfico de sequestrados políticos».

No mesmo comunicado, o executivo do Presidente Álvaro Uribe declara-se surpreendido com as declarações do ministro Gustavo Larrea, que afirma ter dado conhecimento à Colômbia de todos os contactos que manteve com as FARC.

«Não está certo», diz a nota, que realça que, pelo contrário, Rafael Correa «sempre assegurou» a Álvaro Uribe «que não avançaria com nenhuma negociação com as FARC sem o conhecimento e autorização do governo da Colômbia».

A Organização de Estados Americanos (OEA) efectua uma reunião extraordinária para analisar a crise desencadeada pela entrada de forças colombianas em território equatoriano. Reunião do Conselho da OEA está marcada para as 15:00 locais (20:00 em Lisboa), em Washington.
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