A polícia croata estará a pintar cruzes com spray nas cabeças dos refugiados e migrantes que tentam entrar no país vindos da Bósnia.
Segundo as organizações de voluntariado e ONGs a operar na região, os grupos de refugiados que procuram entrar na Croácia são recebidos com violência pela polícia, que chegará a assaltá-los e a levar-lhes as roupas além de os pintarem com spray.
Segundo o The Guardian, a ONU já pediu ao governo croata para que sejam investigadas as acusações de abuso, que têm sido consideradas uma forma de humilhar os requerentes de asilo.
É óbvio que um dos efeitos pretendidos com este comportamento é de humilhar os refugiados e migrantes que tentam atravessar a fronteira", disse Jack Sapoch da No Name Kitchen, uma ONG que atua em Velika Kladusa, na Bósnia, a cerca de dois quilómetros da fronteira da Croácia.
Para Sapoch, as autoridades croatas estarão a usar spray para identificar e humilhar os migrantes que tentam repetidamente atravessar a fronteira. O responsável admite também que se trate de uma tática para traumatizar psicologicamente os migrantes, na maioria muçulmanos, pintando-os com um símbolo religioso.
Questionada, a polícia croata não respondeu até agora às acusações de abuso. Voluntários, médicos e até funcionários das Nações Unidas têm dado conta de violência policial na fronteira entre Bósnia e Croácia. O ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, já veio dizer que a organização está "profundamente preocupada" com os relatos de violência aplicada aos migrantes e refugiados pela polícia croata.
A nossa organização já recebeu anteriormente e partilhou com as autoridades relatos credíveis de pessoas que dizem ter sido ilegalmente retiradas da Croácia para a Bósnia-Herzegovina e Sérvia", disse ao Guardian Zoran Stevanović, diretor de comunicação do ACNUR para a Europa central.
Estas devoluções são ilegais e o contágio de Covid-19 não é uma desculpa para confrontar pessoas vulneráveis com maior violência. É inaceitável", sublinhou John Sapoch, da No Name Kitchen.