Turquia: autorizadas acções militares no Iraque

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, revelou hoje de forma inesperada que autorizou esta semana o Exército a realizar incursões no norte do Iraque contra os rebeldes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), noticia a Lusa.

«Tomámos uma decisão durante uma reunião do governo no dia 28 de Novembro e, com aprovação do presidente, as Forças Armadas turcas receberam autorização para uma operação transfronteiriça», declarou Erdogan a jornalistas na televisão.

Na sequência de um ataque dos rebeldes curdos a militares no final de Setembro, em que 13 soldados turcos morreram e oito foram capturados, a Turquia ameaçou intervir militarmente no norte do Iraque contra o PKK, tendo destacado cerca de 100.000 soldados para perto da fronteira iraquiana.

Em Outubro, o Parlamento turco autorizou o governo a realizar incursões armadas no norte do Iraque contra o PKK, que luta pela independência das regiões curdas da Turquia e utiliza a região do Curdistão iraquiano como base recuada para operações no sudeste da Anatólia, de maioria curda.

Para evitar as operações, o governo de Bagdad e as autoridades regionais curdas do norte do país anunciaram medidas para restringir os movimentos dos rebeldes.

Também o presidente norte-americano, George W. Bush, assegurou que os Estados Unidos forneceriam a Ancara informações «em tempo real» sobre os rebeldes.

Erdogan não deu qualquer indicação sobre o momento em que pode ocorrer a operação, mas especialistas militares na capital turca recordaram que a autorização do Parlamento foi por um ano, pelo que o Exército pode actuar em qualquer momento até 17 de Outubro de 2008.

«É agora o exército que decidirá o que fazer e quando. Pode ser hoje ou na Primavera», disse hoje o general Ugur Sefkat, do Estado-Maior turco, em declarações ao canal televisivo NTV.

No entanto, a maioria dos analistas militares assim como generais na reserva sustentam que o PKK já deve ter deixado as bases e que uma operação militar depois de tanto «barulho» não teria resultados.

Um relatório do Ministério do Interior turco calculava em 2.650 a 2.900 o número de guerrilheiros do PKK no norte do Iraque, em cerca de 35 acampamentos, mas observadores advertem que o grupo terá mudado a maior parte dos efectivos para o Irão para escapar a um possível ataque militar turco.