Uber despista-se com bloqueio à imigração de Trump e perde clientes - TVI

Uber despista-se com bloqueio à imigração de Trump e perde clientes

Manifestantes concentram-se diante do terminal 4 do aeroporto JFK, em Nova Iorque, sob o olhar da polícia de choque

Milhares começaram a apagar a aplicação da plataforma de transporte dos telemóveis. Atitude da empresa durante protestos contra decreto que barra acesso aos Estados Unidos foi a chave da polémica

Tem sido uma das hastags mais concorridas na rede Twitter, a saber #DeleteUber. E com efeitos práticos que já levaram a empresa de transportes a criar nos Estados Unidos um procedimento automático para apagar as contas de utilizador de quem o queira fazer.

Muitos milhares têm vindo a desinstalar a aplicação da plataforma e a eliminar os seus dados. A Uber não revelou quantos, mas assumiu que criou um automatismo informático para apagar as contas dos utilizadores que o pretendam fazer. O que era antes um processo manual, segundo refere o jornal New York Times.

Na base da revolta de muitos milhares de utilizadores da plataforma estão as decisões da empresa no passado sábado. Durante os protestos levados a cabo no aeroporto JF Kennedy, um sindicato juntou-se à causa e convocou os taxistas de Nova Iorque para se recusarem a fazer serviços naquele local. Algo que Uber, na opinião de muitos, terá tentado furar.

Serviços mais baratos

Precisamente quando eclodiam e se desenrolavam os protestos contra o decreto de Trump, que impede a entrada de cidadãos  de sete país de maioria islâmica nos Estados Unidos, a Uber anunciou através da rede Twitter que os seus serviços ficavam mais baratos.

Em concreto, levantava uma sobretaxa que costuma aplicar em horas de ponta. A medida foi entendida pelos utilizadores da plataforma como um acto de oportunismo e começou aí a fúria para desinstalar a aplicação.

A agravar a situação, esteve também a forma como foi entendida uma outra medida do patrão da plataforma. Travis Kalanick comunicou que a empresa iria disponibilizar três milhões de dólares, cerca de 2,8 milhões de euros, para ajudar os seus motoristas que, por via do decreto de Trump, ficassem impedidos de regresar aos  Estados Unidos.

Acresce que Kalanick integra um conselho económico consultivo do novo presidente norte-americano, Donald Trump.  

Uber emenda a mão

Face aos protestos e à onda negativa que tem levado milhares a eliminarem a sua conta na plataforma, a Uber tem-se fechado em copas. Só através das redes sociais, Twitter e Facebook, os seus responsáveis têm tentado justificar as suas decisões.

Queremos que saibam que a Uber partilha dos vossos pontos de vista sobre o bloqueio à imigração. É injusto, errado e contra tudo aquilo por que nos batemos como empresa", referem os seus responsáveis. E o dono Travis Kalanick, já fez mesmo saber através do Twitter que pretende abordar a medida de Trump no tal conselho económico a que preside.

Com a repulsa contra a Uber, refere a imprensa internacional haver quem nos Estados Unidos esteja a ganhar com a situação. É o caso da concorrente Lyft, cuja aplicação tem vindo a ser uma das mais descarregadas nos telemóveis.

Segundo refere a edição digital do jornal britânico The Guardian, a aplicação da Lyft tornou-se a quarta mais descarregada no universo da Apple, após esta empresa de transporte concorrente da Uber ter anunciado o donativo de um milhão de dólares em quatro anos à ACLU, uma organização que luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e que tem estado na linha da frente contra as medidas de Trump, que acusa serem discriminatórias.

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