Egipto: manifestações provocam pelo menos mais quatro mortos - TVI

Egipto: manifestações provocam pelo menos mais quatro mortos

ElBaradei colocado em prisão domiciliária. Decretado recolher obrigatório e o exército está nas ruas. Mubarak deverá fazer uma declaração a qualquer momento

Última actualização às 15:54

Muitos milhares de manifestantes continuam nas ruas de várias cidades do Egipto ( vídeo , exigindo o fim do regime liderado pelo presidente Hosni Mubarak. Os confrontos com as autoridades têm marcado esta sexta-feira e há informações que dão conta já de pelo menos quatro mortos, três no Cairo e um em Suez. Mohamed ElBaradei foi colocado em prisão domiciliária. Governo decretou recolher obrigatório em três cidades e o exército está nas ruas. A CNN noticia que o Mubarak deverá falar em breve.

Fontes dos serviços de segurança egípcios, citadas pela agência EFE, disseram que as três pessoas que morreram na capital se tratavam de manifestantes que participavam nos protestos no centro da cidade, na praça Tahir.

Os milhares de manifestantes saíram às ruas depois das orações de sexta-feira. Os protestos foram largamente difundidas pela Internet, através das redes sociais, apesar da apertada censura e dos cortes nas comunicações.

A cadeia televisiva Al Jazeera noticia que esta praça está cercada pelas autoridades, com quem os manifestantes se envolveram violentos confrontos. O canal noticioso refere que Ayman Nour, opositor de Hosni Mubarak nas presidenciais de 2005, terá ficado ferido.

A agência Reuters também noticia que pelo menos uma pessoa terá perdido a vida neste local e que dezenas ficaram feridas.

De acordo com esta agência noticiosa, pelo menos um outro manifestante foi morto em Suez esta sexta-feira, na sequência de confrontos com a polícia.

As últimas informações dão conta ainda de que o exército foi colocado nas ruas para auxiliar a polícia. Foi ainda decretado o recolher obrigatório no Cairo, Alexandria e Suez, que vigará entre as 18:00 e as 7:00.



ElBaradei em prisão domiciliária

Mohamed ElBaradei, prémio Nobel da paz de 2005 e opositor do regime de Mubarak, juntou-se aos manifestantes esta manhã. Depois de ter sido retido pela polícia no centro do Cairo, o ex-director da Agência Internacional para a Energia Atómica foi colocado em prisão domiciliária, segundo revelaram fontes da segurança egípcia À CNN.

ElBaradei regressou ao seu país esta quinta-feira desde Viena, onde reside, tecendo fortes críticas ao presidente egípcio, dizendo que está na altura de este «se reformar».

O prémio Nobel da Paz disse ainda estar preparado para liderar um governo de transição no país.

Agressões a jornalistas

Na tentativa de travar estes protestos, as autoridades, além de terem bloqueado o acesso à Internet e às redes de telefone móvel, usadas para organizar as manifestações, têm visado também os jornalistas.

Um repórter da CNN deu conta que esta manhã uma câmara da cadeia norte-americana foi destruída e que o mesmo aconteceu com material de jornalistas de uma televisão alemã.

Além disso há registo de jornalistas detidos e agredidos durante os protestos .

A organização Repórteres Sem Fronteiras já denunciou estes casos, condenando a «violência usada contra os jornalistas que estão a cobrir os protestos de rua no Egipto».

«É difícil de estabelecer ao certo quantos jornalistas foram detidos ou fisicamente atacados pela polícia nas últimas 48 horas. De acordo com as últimas informações obtidas pela Repórteres Sem Fronteiras, mais de uma dezena de jornalistas foram presos», lê-se no site da organização.

O departamento de Estado dos EUA disse acompanhar com preocupação os desenvolvimentos desta crise e apelou ao respeito pelos direitos fundamentais e ao restabelecimento das comunicações.
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