Rio Yamuna: 100% contaminação e 0% de oxigénio - TVI

Rio Yamuna: 100% contaminação e 0% de oxigénio

  • MVM
  • 20 jul 2018, 16:01
Yamuna: o rio mais poluído da índia

Rio mais poluído do mundo é um dos principais da Índia e é composto por "100% de matéria fecal"

Yamuna, afluente do rio Ganges na Índia, é o rio mais poluído do mundo: 100% da sua composição está contaminada. Aquele que é um dos principais rios da Índia é composto por "100% de matéria fecal" o que levou um arquiteto espanhol a começar um projeto de recuperação do rio.

Iñaki Alday, diretor da Escola de Arquitetura da Universidade de Tulane, em Nova Orleães, nos Estados Unidos da América, criou o Projeto Rio Yamuna, o maior projeto urbano que foi feito na Índia até hoje.

[O rio Yamuna é] 100% de poluição, zero de oxigénio e por isso não pode suportar nenhum tipo de vida, nem aquática nem vegetal”, diz o arquiteto espanhol.

A capital da Índia, Nova Deli, enfrenta uma crise urbana, social e ambiental sem precedentes e tornou-se numa das cidades mais habitadas do mundo com mais de 20 milhões de pessoas. Mas, o estado do ar e da água da cidade é realmente preocupante.

Consciente da alarmante situação ambiental em Nova Deli, Iñaki Alday, juntamente com o arquiteto indiano Pankaj Vir Gupta, percebeu que a questão mais crítica é a recuperação do rio e decidiu criar o projeto que até já deu origem a um livro com o mesmo nome.

Na obra estão publicados os cinco anos de investigação que podem resolver as vidas dos mais de 20 milhões de habitantes de Nova Deli.

Uma das coisas mais surpreendentes é que não há pássaros perto do rio e há mais de 200 quilómetros a serem recuperados. Ali tomava-se banho, realizavam-se práticas espirituais, queimavam-se os mortos... Desde há 30 ou 40 anos para cá que é totalmente inacessível”, explica Iñaki Alday.

Foi então iniciada uma investigação na qual perceberam que o problema não é a água, mas sim a falta de infraestruturas, habitação adequada, equipamentos, problemas com a gestão do lixo e até questões culturais e políticas que começaram com a colonização britânica.

Gastaram-se milhares de milhões de euros em infraestruturas de tratamento das águas que não eram a prioridade, porque estava a tratar-se o termómetro que mede a febre e não a febre em si. O nosso projeto vem considerar ‘qual é o problema real?’”, palavras de Alday.

A solução apresentada por Alday e a sua equipa tem por base criar uma agência que assumirá o pleno poder nas decisões tomadas relativas ao rio.

“Há 27 agências que têm poder sobre Yamuna, como metemos todas de acordo? Não é possível”, acrescenta o arquiteto.

Outro objetivo é desenvolver projetos piloto para recuperar a habitação na zona e estabelecer equipamentos básicos, para os quais já há bancos interessados em investir. A condição de vida e saúde dos habitantes mudaria só com o facto de terem água e comida em casa, considerando que há cinco milhões de pessoas que vivem em favelas.

Juntamente a estas medidas decorria a limpeza do rio, a construção de estações de tratamento das água, a implementação de novos sistemas de gestão de resíduos e a vedação dos aterros que não têm mais capacidades, algumas das operações fulcrais que podem ser feitas já.

Nos próximos anos, a Índia vai passar a ser o país mais povoado do mundo, ultrapassando a China, uma vez que vai ter mais de 100 cidades com mais de um milhão de habitantes.

Este problema ambiental não é exclusivo da Índia. Em parte do sudeste asiático, África e América Central são também verificadas situações semelhantes em que rios urbanos estão muito contaminados.

Estamos a trabalhar em Deli por ser o caso mais urgente, mas as soluções podem servir para muitos outros locais com este problema”, conclui Iñaki Alday.

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