Viúvo de Benazir Bhutto tem má reputação - TVI

Viúvo de Benazir Bhutto tem má reputação

  • Portugal Diário
  • 31 dez 2007, 10:03

Asif Zardari passou oito anos na cadeia e é conhecido como «senhor 10 por cento»

Relacionados
O viúvo de Benazir Bhutto é um antigo ministro que passou oito anos na cadeia por alegados crimes de corrupção e tem a reputação sombria de «Sr. 10 por cento», suspeito de aceitar «luvas».

No seu testamento, lido no domingo, Benazir indicava Asif Ali Zardari como seu sucessor à frente do Partido do Povo Paquistanês (PPP), em caso de ser morta. No entanto, Zardari, que é visto com suspeição por muitos paquistaneses, indicou o filho, Bilawal Bhutto Zardari, de 19 anos, para presidente do partido fundado pelo avô, Zulfikar Ali Bhutto, em 1967.

Enquanto Asif é figura proeminente na política paquistanesa, com uma reputação marcada por alegações de ter feito fortuna durante a governação de Benazir, o filho é visto como um cortês estudante anglófono de Oxford que passou no estrangeiro a maior parte da sua vida.

Bilawal disse, no domingo, em conferência de imprensa, que enquanto estiver a concluir o seu curso, o pai ficará a «tomar conta» do PPP.

Asif Ali Zardari, de 54 anos, vem de uma família feudal disparada para a fama após o seu casamento combinado com Benazir, que se tornou primeira-ministra pela primeira vez em 1988, três meses antes de dar à luz Bilawal.

Zardari é geralmente tido como o responsável pelas tribulações sofridas por Benazir durante a sua vida política, sendo a causa de, por duas vezes, ela ter sido forçada a deixar o poder.

Asif Zardari foi preso pela primeira vez em 1990, acusado de assassínio e fraude bancária, quando o primeiro Governo de Benazir foi demitido.

Foi libertado em 1993 e as acusações foram retiradas, incluindo a que alegava que Asif tentara extorquir milhões de dólares a um homem de negócios britânicos amarrando-lhe uma bomba à perna.

Zardari e os seus apoiantes disseram que as acusações eram falsas e tinham motivações políticas.

No segundo Governo de Benazir, Zardari foi ministro do Investimento, tendo ganho a fama de «Sr. 10 por cento» por, alegadamente, exigir comissões pelos contratos aprovados.

Foi preso pela segunda vez em 1996, acusado de corrupção e de participação no ataque ao irmão de Benazir, Murtasa, morto num tiroteio perto da sua casa em Carachi.

Depois de anos na prisão, enfrentado maratonas de julgamentos em diversos tribunais pelo país, Zardari foi libertado em Dezembro de 2004 e deixou o Paquistão para se juntar à família nos Emirados Árabes Unidos.

«A minha mãe sempre disse que a democracia é a melhor vingança»

Pouco se sabe de Bilawal, que passou a maior parte dos últimos oito anos nos Emirados, com a família.

É muito parecido com a mãe, com o rosto alongado e o nariz afilado, olhos negros e sobrancelhas espessas.

Enquanto o pai falou no domingo em urdu, a língua local e da zona noroeste da Índia, Bilawal exprimiu-se sempre em inglês, levantando dúvidas sobre o seu domínio da língua nacional paquistanesa.

Benazir, que também viveu muitos anos no estrangeiro, enfrentou no início alguns problemas linguísticos.

Em comentários breves, o jovem Zardari propôs-se continuar «a longa e histórica luta do partido pela democracia, com renovado vigor».

«A minha mãe sempre disse que a democracia é a melhor vingança», disse.

Fontes próximas da família indicam que Bilawal partilha os mesmos passatempos feudais do pai, cavalos e hipismo, tiro ao alvo e taekwondo, em que é cinturão negro.
Continue a ler esta notícia

Relacionados