Brasil: a primeira reunião no Planalto e a entrevista do novo ministro - TVI

Brasil: a primeira reunião no Planalto e a entrevista do novo ministro

  • Sofia Santana
  • 13 mai 2016, 16:45
Michel Temer

O novo ministro da Fazenda – cargo equivalente ao ministro das Finanças em Portugal –, Henrique Meirelles, deu uma entrevista, esta sexta-feira, onde falou sobre as medidas que quer pôr em marcha. Governo de Michel Temer reuniu-se esta manhã no Palácio do Planato

Um dia depois de Dilma Rousseff ter sido afastada da Presidência, a imprensa brasileira destaca as políticas que o novo governo de Michel Temer pretende seguir. O novo ministro da Fazenda – cargo equivalente ao ministro das Finanças em Portugal –, Henrique Meirelles, já deu, inclusivé, uma entrevista, onde falou sobre as medidas que quer pôr em marcha. Mas enquanto o Brasil parece já estar focado no que aí vem com Temer, a imprensa internacional dedica editoriais ao impeachment de Dilma, repletos de críticas ao processo e ao sistema político brasileiro. Alguns chegam mesmo a defender a realização imediata de novas eleições.

O governo de Michel Temer, que tomou posse esta quinta-feira, parece não ter tempo a perder. Esta sexta-feira de manhã, o novo ministro da Fazenda deu a sua primeira entrevista como membro do governo brasileiro.

Henrique Meirelles afirmou, no programa matinal “Bom dia Brasil” da TV Globo, que a primeira preocupação do seu ministério será controlar o crescimento da despesa pública. Meirelles admitiu que irá adotar medidas “duras”, mas que são “necessárias” para uma trajetória da dívida sustentável.

“Estamos a trabalhar num sistema de metas de despesas públicas em que não haja crescimento real das despesas.”

O governante também revelou que pretende implementar o estabelecimento de uma idade mínima para a reforma.

“Sim, haverá uma idade mínima para a reforma. Estamos a estudar exatamente quais serão as regras para essa transição.”

Meirelles prometeu ainda cortar as despesas e os privilégios “daqueles que não precisam”, ressalvando que esses cortes não deverão abranger os programas sociais.

Estas são algumas das primeiras ideias que o governo de Temer anuncia para o país. O executivo, de resto, já esteve reunido esta sexta-feira de manhã no palácio do Planalto.

O encontro serviu para Temer passar aos seus ministros as diretrizes e prioridades do governo para os próximos meses. Linhas técnicas e políticas que possam definir um “novo modelo de gestão”.

Segundo fontes citadas pela imprensa brasileira, os ministros terão depois de apresentar as suas propostas ao Presidente Interino no prazo máximo de 30 dias.

Os editoriais da imprensa internacional

Se no Brasil, o governo de Temer já domina os destaques dos media, no resto do mundo, a imprensa dedica editoriais ao processo de impeachment, repletos de críticas à forma como o processo foi conduzido.

O New York Times, por exemplo, escreve que a crise brasileira "ainda pode piorar" com a saída de Dilma e defende a realização imediata de novas eleições. O jornal norte-americano critica a governação e os erros de Dilma, mas, ainda assim, salienta que se trata de pagar "um preço desproporcionalmente elevado" por irregularidades administrativas.

Ainda nos Estados Unidos, o Washington Post assume um tom mais pragmático, ainda que aponte Temer como um dos “orquestradores” do impeachment. O jornal sublinha aquele que será o maior desafio do Presidente Interino: demonstrar que a troca de cadeiras pode reanimar a economia.

Em Espanha, o El País não tem dúvidas: “a destituição de Dilma Rousseff não resolve nada e aumenta a instabilidade do país”.

Já no Reino Unido, o Financial Times considera que o Brasil enfrenta agora uma “crise” a triplicar e, tal como o New York Times, defende a realização de novas eleições. Ainda assim, a publicação elogia a credibilidade da equipa chamada por Temer, em particular a escolha de Henrique Meirelles que dá uma mensagem positiva aos mercados.

Ainda em território britânico, o The Guardian deixa muitas críticas ao processo. O jornal diz mesmo que o sistema político deveria ir a julgamento, e não apenas uma mulher. O The Guardian destaca que Dilma cometeu erros e que estes contribuíram para a sua destituição. Todavia, para os ingleses o processo de impeachment não representa apenas a queda de Dilma, mas também a queda do sistema democrático brasileiro como um todo.  

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