National Geographic emite documentário sobre Guantánamo

Uma visita guiada aos bastidores da prisão mais mediática e restrita do mundo, Guantánamo, em Cuba, é a proposta do documentário exclusivo do National Geographic Channel, que estreia domingo em Portugal e ao qual a Lusa teve acesso.

«Bastidores: Guantánamo» é o resultado final do trabalho de uma equipa que durante três semanas teve acesso exclusivo e alargado ao interior do estabelecimento prisional, um dos símbolos da guerra norte-americana contra o terrorismo e uma das heranças mais pesadas da administração de George W. Bush, com denúncias regulares de actos de tortura, detenções ilegais e abusos dos direitos humanos.

«Muito do que nos definia como nação nas últimas décadas está cristalizado em Guantánamo», afirma Jon Else, realizador do documentário.

«Se o National Geographic Channel não nos tivesse mandado para o terreno, nunca teríamos feito este documentário. Acho que esta história tem que ser preservada e espero que estas imagens ajudem», reforça o responsável.

Material eliminado em nome da segurança

Com o objectivo de mostrar uma visão imparcial daquilo que se passa atrás da barreira de arame farpado, o documentário revela o quotidiano dos soldados, agentes de operações e reclusos enquanto estes realizam as tarefas diárias no centro de detenção.

Durante duas horas, a produção do National Geographic documenta as relações e interacções de grande tensão que se estabelecem entre militares e detidos, bem como algumas operações nunca antes testemunhadas.

O documentário inclui entrevistas a militares de Guantánamo, a oficiais que acreditam que há uma célula activa da Al-Qaida no centro de detenção, a um antigo interrogador e a antigos reclusos, e a advogados que representam alguns dos presos que continuam detidos em Guantánamo.

Entre os depoimentos figuram os testemunhos de Moazzam Begg, um ex-prisioneiro muçulmano anglo-paquistanês que esteve detido três anos e meio, e de uma jovem guarda que revela que os insultos dos detidos a atingem menos que a ideia negativa que os norte-americanos têm do estabelecimento.

Pela primeira vez, o documentário vai exibir imagens dos detidos que participam na chamada para as orações muçulmanas, enquanto os militares observam o comportamento dos reclusos ou quando é accionado um «alerta amarelo» perante um detido inconsciente dentro da cela.

Todas as imagens recolhidas foram analisadas pela equipa de segurança militar norte-americana, segundo o National Geographic. Algum material foi eliminado porque violava a segurança nacional, refere ainda o canal.