Pizzas ajudam a apanhar pais infractores

Uma pizzaria no estado americano de Ohio entrega junto com as suas pizzas, folhetos que mostram rostos de pais acusados de não pagar a pensão dos filhos. A informação é avançada pela CNN.

A directora do gabinete de protecção infantil do distrito de Butler, Cynthia Brown, teve esta ideia quando um dia encomendava pizza. «De repente apercebi-me que a maior parte das pessoas que foge à lei não come fora, encomenda pizza», referiu.

«Colocar folhetos nas caixas das pizzas é um exemplo de inovação e compromisso», afirmou Kay Cullen, porta-voz da associação nacional de protecção infantil.

O distrito de Butler imprimiu folhetos com fotografias dos dez pais mais procurados, colocando-os em postos de correio e edifícios do governo, e enviando-os também para outras 87 localidades do estado de Ohio.

Clientes concordam

Brown começou por abordar vários restaurantes relativamente à sua ideia de afixar os folhetos nas caixas das pizzas, mas até agora apenas três pizzerias aderiram à iniciativa.

Desde Agosto último, quando os primeiros folhetos foram distribuídos, já se efectuou uma detenção, confirmou o sargento da polícia local, Todd Langmeyer. «É sempre uma boa ideia quando se pode divulgar os rostos dos infractores», conclui.

A Dona da Pizzeria Karen`s não ouviu nenhuma queixa acerca da sua participação na iniciativa.

«Alguns clientes brincam com a situação e dizem que estão felizes por as suas caras não aparecerem nos folhetos», refere Karen Willis. «A maioria acha que é uma boa ideia», acrescenta a proprietária do restaurante.

Um advogado especializado em direitos dos pais já apelidou a iniciativa de táctica «horrenda». «É só uma maneira de envergonhar as pessoas», disse Maury Beaulier. «Vários motivos podem levar as pessoas a não pagar o sustento dos filhos, o que não faz deles menos que os outros», argumentou.

Crianças sofrem consequências

A difamação pública dos pais, através das imagens expressas nos folhetos, pode ser ainda mais devastadora para as crianças, referiu o director da Coligação Americana de Pais e Crianças, Michael McCormick. «Imagine como uma criança se sentirá ao ver o pai num folheto que diz «Procura-se», sabendo que os amigos também o poderão ver», referiu.

Já a directora do gabinete de protecção infantil de Butler, diz que o objectivo da sua repartição consiste em trabalhar com os pais ao tentar ajudá-los a encontrar trabalho e a obter os pagamentos através do tribunal civil. As queixas criminais são o último recurso. Não pagar o sustento a um filho pode trazer uma pena de prisão até 18 meses, com multas que são posteriormente anexadas à dívida já em causa.

«Não estamos a tentar penalizar estas pessoas, estamos apenas a tentar ajudar as crianças que têm o direito a receber o que já é seu por direito», acrescenta Cynthia Brown.