Grécia: «Novas eleições não terão resultado muito diferente» - TVI

Grécia: «Novas eleições não terão resultado muito diferente»

Rui Tavares

Eurodeputado Rui Tavares analisa a crise política neste país europeu e critica a esquerda portuguesa

O eurodeputado Rui Tavares defende que a melhor solução para a esquerda na Grécia nas novas eleições legislativas de junho seria «uma coligação pré-eleitoral Syriza, Esquerda Democrática e Verdes», para vencer sem necessitar de mais negociações.

Eleito pelo Bloco de Esquerda mas entretanto como independente no grupo dos Verdes europeus, Rui Tavares lamentou o «retrato muito contraditório dado pelo eleitorado» grego a 6 de maio, em que «ninguém garantiu uma maioria», e avisou que a nova votação «não dará um resultado muito diferente».

Grécia: quando o voto não decide sozinho

«Não tendo ninguém maioria, o melhor cenário será ou um governo de esquerda e de direita anti-troika, ou tudo misturado, mas com um programa que, no mínimo, garanta a manutenção da Grécia no euro e um projeto gradual de retirada de medidas da troika», disse, à TVI24.

O eurodeputado acredita que «valia a pena esperar por uma política europeia mais favorável» ao crescimento da esquerda, com a tomada de posse de François Hollande em França, as legislativas francesas e as eleições na Alemanha. «É possível um governo recusar a austeridade e procurar melhores alianças na Europa, que começam a aparecer, e entretanto melhorar a diplomacia com outros países periféricos. O ideal seria uma posição concertada e não a desunião das esquerdas e dos países intervencionados».

Lamentando a «inflexibilidade das esquerdas» no período de negociações, o eurodeputado criticou sobretudo a Esquerda Radical e o Partido Comunista Grego (KKE). «O Syriza é pró-europeu, mas da forma que apresentam as coisas obrigam a Grécia a sair do euro. Os políticos não devem falar em capitulação ou não capitulação. Até um ex-presidente do partido disse que [Alexis Tsipras] não podia estar a falar a sério com o rasgar o memorando de imediato».

Quanto à recusa dos comunistas em negociar com a Esquerda Radical para uma eventual coligação, Rui Tavares disse que ficou «triste, mas não surpreendido». «O KKE é um partido extremamente sectário, tem a sua posição com um orgulho enorme, mas entregam o país para os braços dos alemães», apontou.

A confirmarem-se os resultados da última sondagem, que dá a vitória ao Syriza com 27,7% dos votos, o eurodeputado espera que Alexis Tsipras esteja disponível para «se comprometer com partidos com posições diferentes». «Este é o momento de tomar as rédeas em coligação com a Esquerda Democrática e outros pequenos partidos e de usar todas as alavancas para rever o memorando e mudá-lo».

Rui Tavares espera que o exemplo grego inspire os partidos de esquerda em Portugal. «A esquerda portuguesa, para se poder unir, tem de libertar-se dos seus dogmas. Eu não excluiria uma coligação entre PS, Bloco de Esquerda e PCP, porque não há mais diferenças entre eles do que com o FMI. Eles estão nos seus nichos, não se unem porque estão orgulhosos das suas diferenças, mas depois somos governados pela senhora Merkel. Como se os eleitores ficassem contentes ou tivessem de agradecer por isso...», concluiu.
Continue a ler esta notícia