Mari Luz: «Queremos perpétua» - TVI

Mari Luz: «Queremos perpétua»

  • Portugal Diário
  • MM
  • 28 mar 2008, 14:13
Huelva: revolta de populares à chegada de suspeitos da morte de Mari Luz

Pai pede «prisão perpétua», mas reitera que não procura «vingança». Avô da menor diz que foram as falhas da justiça que «mataram» a neta. Morte de Mari Luz abre debate sobre sistema judicial espanhol. Mulher de suspeito de assassinato foi detida

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Actualizada às 18h30

O pai de Mari Luz, Juan José Cortés, revelou, esta sexta-feira, que a sua família ficou «aliviada» com a detenção de Santiago García, suspeito de ter provocado a morte de Mari Luz.

Em entrevista ao jornal El País, Juan Cortés explicou que espera que o suspeito pague pelo que fez, mas reiterou que não procura «vingança». «Isto não apaga a dor, mas é um alívio. Esta pessoa provocou danos irreparáveis, por isso deverá pagar com todas as consequências da lei», disse.

Juan José Cortés pede a «prisão perpétua» para o suspeito: «A única coisa que me deixaria feliz era devolverem-me a minha filha, e isso sei que não vai acontecer», acrescentou à TV digital Antena 3.

Mari Luz «morta» pela Justiça

O progenitor de Mari Luz criticou ainda a forma como o processo foi conduzido. «Se Mari Luz fosse filha de alguém com um grande cargo, ter-se-ia mobilizado logo o exército. Se há fundos de Estado para algumas coisas, também deveria haver para as coisas verdadeiras e que interessam à sociedade: os nossos filhos».

«Houve três situações que me deixaram frio: a primeira foi o dia em que a minha filha desapareceu e vi a cara desse indivíduo, a segunda quando me deram a notícia de que estava morta e a terceira quando percebi que este indivíduo deveria estar preso e estava solto», assinalou.

O suspeito, Santiago García, foi vizinho de Juan José Cortés desde os 17 anos, em Huelva.

Juan Cortés, avô paterno de Mari Luz, também participou na entrevista à Antena 3, onde atribuiu as culpas da morte da neta à Justiça espanhola. «Mataram-na por culpa da administração judicial», disse.

Morte de Mari Luz suscita debate

A investigação da morte de Mari Luz está a suscitar em Espanha um debate sobre a necessidade da revisão da lei de delitos sexuais, com juízes e magistrados a defenderem um registo de condenados e mudanças para evitar reincidências, informa a Lusa.

Apesar da gravidade do caso, e em particular de o principal suspeito da morte da criança de cinco anos ter estado em liberdade apesar de duas condenações por abusos sexuais a menores nunca cumpridas, magistrados e políticos defendem que qualquer mudança deve ser «ponderada» e não «feita a quente».

Numa primeira fase está já em curso uma investigação do Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ) ao juiz que não executou as anteriores condenações do principal suspeito de ter assassinado Mari Luz Cortés, Santiago del Valle Garcia.

Enrique López, porta-voz do CGPJ, defendeu hoje a criação de um registo de condenados por delitos contra a liberdade sexual, idêntico ao que já existe para crimes de violência de género. López admitiu porém que no caso de Mari Luz todos os indícios apontam para «que o sistema judicial tenha falhado», sendo essencial «investigar e determinar onde está o erro e apurar responsabilidades».

Mulher de suspeito detida

A mulher do alegado assassino de Mari Luz Cortés deu entrada esta sexta-feira num hospital psiquiátrico em Sevilha para cumprir uma condenação anterior como cúmplice dos abusos sexuais que o seu marido cometia sobre a filha de cinco anos.

A mulher foi inicialmente detida como cúmplice do marido no crime de Mari Luz, tendo saído em liberdade condicional neste processo, acabando depois por voltar a ser detida pela Polícia e transferida esta sexta-feira para o hospital de Sevilha.

Dados do processo judicial confirmam que a mulher conhecia os abusos da filha e que chegava mesmo a presenciá-los, sem nunca intervir para travar o marido. Os documentos sustentam que apesar dos apelos da filha, que se queixava de dor, «a acusada nada fez para impedir» os abusos.
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