Saúde: utentes querem mudança de política

Um representante do Movimento de Utentes pela Saúde que organizou uma dezena de protestos contra o encerramento da urgência de Anadia disse hoje que «a população só ficará satisfeita depois de alterada a política prevista».

Comentando a demissão de Correia de Campos do cargo de ministro da Saúde, o representante do movimento cívico José Paixão disse que tal «não é motivo de satisfação para a população de Anadia».

«Só ficaremos satisfeitos depois de alterada a política prevista e não temos garantias nenhumas de que o processo [de encerramento da urgência do Hospital] seja suspenso», disse.

Correia de Campos pediu demissão

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Para José Paixão, a demissão de Correia de Campos demonstra que o movimento Utentes pela Saúde tinha razão ao dizer que o ministro tinha cometido um erro, «avançando com medidas como o encerramento das urgências sem acautelar as repercussões negativas que se vieram a verificar».

«Quando infelizmente elas se constataram, o ministro não quis suspender para analisar», lamentou José Paixão, defendendo que «a política de Saúde que vinha sendo seguida deve ser repensada, tendo em atenção as necessidades das populações e não os interesses das seguradoras de grupos privados».



José Paixão, que tem sido um dos rostos do protesto contra o encerramento da urgência em Anadia, criticou repetidamente o fecho de serviços «sem alternativas», afirmou.

O movimento Unidos pela Saúde organizou uma dezena de acções de protesto em Anadia, em que participaram figuras de diferentes quadrantes políticos e alguns líderes partidários, como Luís Filipe Menezes (PSD) e Jerónimo de Sousa (PCP) e outras personalidades do concelho, como o cantor José Cid, e mantém convocado mais um protesto, desta feita para Lisboa, a realizar quarta-feira.

Substituição de Correia de Campos vai acalmar contestação

O presidente do Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS) considerou que a substituição do ministro Correia de Campos «cria uma nova expectativa e esperança nas populações», provocando um abrandamento da contestação pública.

«Esta remodelação vai forçosamente acalmar a contestação porque tem de se dar o benefício da dúvida à nova ministra [Ana Jorge]. Cria-se uma nova expectativa e alguma esperança de que as coisas melhorem», afirmou Santos Cardoso, em declarações à agência Lusa.

O presidente do MUSS afirmou ainda ter uma «boa ideia» de Ana Jorge, directora do serviço de Pediatria do Hospital Garcia de Orta que irá substituir Correia de Campos à frente do Ministério da Saúde.

«Ela é pediatra e, habitualmente, os pediatras têm uma visão diferente e mais afectuosa do mundo. Pode ser que consiga fugir da obsessão com o défice e com as questões orçamentais que tem condicionado todas as políticas de saúde», afirmou o responsável.

Relativamente a Correia de Campos, o dirigente do Movimento de Utentes considerou que «o ministro falhou em explicar às pessoas a reestruturação em curso dos serviços de saúde e os seus objectivos, o que criou uma insegurança tremenda nas populações».

«Algumas medidas estavam correctas do ponto de vista teórico, mas a sua implementação foi um desastre, o que aconteceu, por exemplo, com o encerramento dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) sem estarem previamente criadas as alternativas», criticou.