EUA e Filipinas usam fogo real contra navio no maior exercício conjunto de sempre - TVI

EUA e Filipinas usam fogo real contra navio no maior exercício conjunto de sempre

  • Agência Lusa
  • MBM
  • 26 abr 2023, 11:29
Mísseis em navios de Taiwan. (Marina de EEUU/ AP)

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Milhares de tropas norte-americanas e filipinas atacaram esta quarta-feira um navio, com foguetes de alta precisão, ataques aéreos e fogo de artilharia, como parte dos maiores exercícios de guerra de sempre realizados entre os dois países.

Os exercícios decorreram em águas filipinas no disputado mar do Sul da China, que é reclamado quase na totalidade por Pequim, apesar dos protestos dos países vizinhos.

O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., assistiu à demonstração de poder de fogo norte-americano a partir de uma torre de observação, na cidade costeira de San Antonio, na província de Zambales, no noroeste do país - a mais recente indicação de seu forte apoio à aliança de Manila com Washington.

Marcos ordenou que os seus militares mudem o foco, de batalhas anti rebelião para a defesa externa, à medida que as ações cada vez mais agressivas da China no mar do Sul da China se tornam uma preocupação central para Manila.

A mudança nos objetivos da defesa filipina está em sintonia com o objetivo do governo norte-americano de reforçar um arco de alianças na região do Indo-Pacífico para melhor combater a ascensão da China.

Pequim irritou as Filipinas ao assediar repetidamente as patrulhas da marinha e da guarda costeira do país do sudeste asiático e ao afugentar pescadores filipinos nas águas próximas à costa filipina que são reivindicadas pela China.

Manila apresentou mais de 200 protestos diplomáticos contra a China, desde o ano passado, incluindo pelo menos 77 desde que Marcos assumiu o cargo, em junho passado.

Apoio americano às Filipinas

Sentado ao lado da embaixadora dos EUA, MaryKay Carlson, e os seus principais assessores de Defesa e segurança, Marcos usou um par de binóculos para observar a trajetória dos foguetes do Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade dos EUA, ou HIMARS, um lançador múltiplo de foguetes e mísseis, que é montado num camião, e que se tornou uma arma crucial para as tropas ucranianas que lutam contra as forças invasoras russas.

Os exercícios assemelharam-se a um cenário de guerra real, com as explosões e fumo causados pelo fogo de artilharia e os helicópteros de ataque AH-64 Apache a sobrevoar os céus.

“Este treino aumentou o realismo e a complexidade dos exercícios, uma prioridade fundamental partilhada entre as Forças Armadas das Filipinas e os militares dos EUA”, disse o tenente-general William Jurney, comandante das Forças do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA no Pacífico.

“Juntos, estamos a fortalecer as nossas capacidades em operações militares de amplo espetro em todos os domínios”, disse Jurney, diretor dos EUA para os exercícios conjuntos anuais chamados Balikatan, o que significa “ombro a ombro”, em tagalo.

Cerca de 12.200 militares dos EUA, 5.400 forças filipinas e 111 contrapartes australianas participaram dos exercícios, os maiores desde que o Balikatan começou a ser realizado há três décadas. Os exercícios mostraram navios de guerra dos EUA, caças e mísseis Patriot, HIMARS e Javelins antitanque, de acordo com oficiais militares dos EUA e das Filipinas.

A embarcação alvo das forças aliadas era um navio de guerra desativado da marinha filipina, que foi rebocado cerca de 18 a 22 quilómetros mar adentro.

Alvos flutuantes menores, incluindo tambores vazios amarrados juntos, também foram usados como alvos para simular uma cena de batalha real, onde um centro de comando e controlo do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA permitia que forças aliadas dispersas identificassem e localizassem alvos inimigos e disparassem foguetes e mísseis de precisão.

Oficiais militares filipinos disseram que as manobras reforçam a defesa costeira do país e as capacidades de resposta a desastres e que não visavam nenhum país.

Oposição da China

A China opôs-se a exercícios militares envolvendo forças dos EUA na região no passado, bem como ao aumento dos efetivos militares dos EUA, alertando que estas operações aumentam as tensões e prejudicam a estabilidade e a paz regionais.

As relações entre Washington e Pequim deterioraram-se rapidamente, nos últimos anos, face a disputas em torno do comércio e tecnologia, reivindicações territoriais de Pequim, questões de Direitos Humanos ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong.

Em fevereiro, Marcos aprovou uma presença militar mais ampla dos EUA nas Filipinas, permitindo que lotes rotativos de forças norte-americanas utilizem mais quatro bases militares filipinas. Tratou-se de uma reviravolta acentuada, face à política do seu antecessor Rodrigo Duterte, que temia que uma presença militar norte-americana maior pudesse antagonizar Pequim.

A China opôs-se fortemente à decisão, que permite às forças dos EUA estabelecer postos de vigilância no norte das Filipinas, do outro lado do mar de Taiwan, e nas províncias filipinas ocidentais voltadas para o mar do Sul da China.

A China alertou que o aprofundamento da aliança de segurança entre Washington e Manila e os seus exercícios militares conjuntos não devem prejudicar a segurança e interesses territoriais chineses ou interferir nas disputas territoriais entre Pequim e os países vizinhos.

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