Orelha Negra: uma banda sem prazo de validade - TVI

Orelha Negra: uma banda sem prazo de validade

«Sempre trabalhámos ao nosso ritmo e nunca deixámos de fazer outros projetos. E assim vamos continuar», assegura o grupo que lançou «Mixtape II»

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Quase um ano após o lançamento do segundo disco de estúdio, os Orelha Negra mostram novamente aquele que é o outro lado da sua música. «Mixtape II» volta a pegar na base dos temas instrumentais construídos pela banda, que ganham nova vida nas mãos e vozes de músicos convidados como Mónica Ferraz, Capicua, Valete ou Peter Hadar.

«Fizemos convites diretos a alguns cantores e MCs - a uns demos-lhes o disco [para escolherem um tema], com outros achámos que "aquele tema" encaixava bem com "aquela pessoa" e fizemos essa sugestão», explicou Francisco Rebelo em entrevista ao tvi24.pt.

«Há sempre um ou dois casos [de pessoas] que se chegam logo à frente ainda antes de lhes pedirmos. (...) É o caso do Riot (DJ e produtor dos Buraka Som Sistema) e do Roulet», acrescentou o baixista dos Orelha Negra.

Foi precisamente um remistura de Roulet que fez com que Sam The Kid se tornasse, ele próprio, numa das vozes da mixtape em «Solteiro», tema que partilhou com Héber Marques (dos HMB) e Regula.

«O beat puxou por mim. (...) Não foi "eu quero entrar nesta mixtape e quero escolher um som". Não, foi o beat que me fez querer entrar na mixtape. Mesmo que fosse só instrumental, entraria à mesma [na mixtape]. É um grande som, é uma grande remix. É hip-hop e ao mesmo tempo é diferente - é moderna, mas é retro. (...) E gostei muito do resultado», contou Sam The Kid.

No final, foram 16 os temas que acabaram nesta nova mixtape dos Orelha Negra e que surpreenderam a banda pela positiva. O DJ Cruzfader elogiou «o equilíbrio da mixtape e a diversificação de sonoridades», enquanto que Francisco Rebelo destacou a «frescura» que os temas ganham, sem a perda da identidade da banda.

«Quando tu partes para um projeto destes, de mixtape, é porque também tens, no fundo, o desejo de redescobrir as músicas através de outras pessoas. Todas elas refrescaram e fizeram delas novas músicas. E o mais importante é que, apesar de tudo, não se perde a identidade da banda. Ou seja, as participações só trazem uma nova riqueza e uma nova frescura às músicas com as quais nos sentimos bem», afirmou Francisco.

O primeiro concerto com as músicas da «Mixtape II» acontecerá no festival MEO Sudoeste, a 11 de agosto. Os Orelha Negra estarão acompanhados da West European Symphony Orchestra e de vários convidados especiais, como Carlos Nobre (Pacman), Valete, Mónica Ferraz, Adamastor e Regula. O próprio Sam The Kid também participará enquanto MC.

Sem saberem ainda se 2014 trará um novo disco ou se será um ano de «descanso» para trabalharem noutros projetos, os Orelha Negra têm, pelo menos, uma certeza: a banda está longe de ter um prazo de validade.

«Nós conseguimos criar uma coisa da qual temos orgulho e que gostamos de alimentar, que gostamos de ver e fazer crescer. Sempre trabalhámos ao nosso ritmo, e segundo os nossos timings, e nunca deixámos de fazer outros projetos. E, portanto, assim vamos continuar», disse João Gomes.

Francisco Rebelo adiantou que antes de um próximo disco de Orelha Negra poderão ser editados novos trabalhos de Sam The Kid, dos Cais do Sodré Funk Connection e dos Cool Hipnoise.

«É provável que possa haver uma pausa, para que os outros projetos também vivam, e depois se regresse. Mas não é "ok, fizemos dois discos e agora fechamos a loja". Não é bem esse o conceito. Enquanto tivermos prazer em fazer música e enquanto acharmos que juntos descobrimos uma série de coisas fixes para fazer musicalmente, acho que faz todo o sentido continuar.»
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