Paredes de Coura: loucura com os Wraygunn ao final do 3º dia - TVI

Paredes de Coura: loucura com os Wraygunn ao final do 3º dia

Paulo Furtado aventurou-se no crowd surfing e quase fez esquecer os concertos não menos brilhantes dos The Mars Volta e dEUS

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Com o terceiro dia do festival Paredes de Coura chegava a dúvida: seriam os portugueses Wraygunn capazes de interpretar o papel de cabeças-de-cartaz, fruto da mudança dos horários das actuações?

Quem adivinhava a debandada geral após o concerto dos belgas dEUS não devia jogar no Euromilhões. A banda liderada por esse animal de palco que dá pelo nome de Paulo Furtado não precisou de muito tempo para provar que era capaz de manter a atenção do público sobre o palco principal já depois da 1h30 da manhã.

Saltando entre «Ecclesiastes 1.11», de 2004, e «Shangri-La», um dos melhores disco nacionais em 2007, os Wraygunn não cederam à pressão de «encerrar» a noite e o público tomou definitivamente o gosto ao rock n roll/blues/soul da banda de Coimbra, principalmente em temas como «Everything's Gonna Be Ok», «Love Letters From a Muthafucka» e «She's A Go-Go Dancer».

As vozes e atitude de Raquel Ralha e Selma Uamusse foram peças-chave para o sucesso de uma actuação que viria a ficar marcada pela imprevisibilidade de Paulo Furtado. Depois de ter oferecido um pedal de guitarra aos fãs (setlists e palhetas são para meninos), o vocalista/guitarrista dos Wraygunn acabou, mais tarde, por mergulhar no mar de gente e, qual festivaleiro de 17 anos, lançou-se na prática do crowd surfing enquanto cantava «All Night Long». A brincadeira custou-lhe os óculos escuros e um rasgão nas calças, mas ficará certamente na história da edição 2008 do festival.

dEUS deixaram promessa de regresso em breve

Quem já pertencia ao quadro de honra do Paredes de Coura eram os dEUS, banda que regressou nove anos depois de ter sido cabeça-de-cartaz em 1999. Na bagagem, um «Vantage Point» ainda bem fresco, lançado em Abril passado, foi o ponto de partida para mais uma prova da relação especial entre o público português e o quinteto de Antuérpia.

O líder e vocalista Tom Barman não teve receio de dar o salto de fé, com quase metade dos temas tocados a serem retirados do novo disco. A aposta não saiu furada de todo, mas foi com «Instant Street», «Suds And Soda» e «Roses», todos eles singles da década de 1990, que os dEUS arrancaram algumas das maiores ovações da noite.

No final ficou a promessa de Barman de um regresso em Outubro para concertos em Lisboa e no Porto.

The Mars Volta só para fãs

Também muito aplaudidos foram os norte-americanos The Mars Volta, uma banda completamente à parte do que até então se tinha visto no festival.

O núcleo nevrálgico do grupo é formado pela dupla ex-At The Drive In, Omar Rodríguez-López (guitarra) e Cedric Bixler-Zavala (voz), mas o talento é ponto comum entre todos os oito elementos dos Mars Volta. Thomas Pridgen, por exemplo, é um verdadeiro «Animal» (o dos Marretas, pois claro) da bateria, impressionando pela técnica e pela energia ao longo da hora e meia de concerto.

A explosão sónica psicadélica e quase esquizofrénica deu-se aos primeiros momentos de um «Goliath» em versão jam de mais de 20 minutos e logo aí ficou claro que é impossível ficar indiferente a um espectáculo ao vivo dos Mars Volta. Ou se ama ou se odeia. Muitos ficaram para ver um dos melhores concertos do festival, mas também houve quem optou por ir jantar na zona de restauração.

Afastando-se do típico modelo «verso, refrão, verso, refrão, refrão», os Mars Volta transformam-se a si mesmos em palco, enveredando pelo espírito jazz da improvisação e mantendo assim qualquer tema de cara lavada.

Do último álbum «The Bedlam in Goliath» a banda apresentou ainda «Ilyena», «Wax Simulacra» e «Ouroboros», resgatando «Viscera Eyes», «The Widow» e «Cygnus....Vismund Cygnus» de registos anteriores.

O alinhamento do concerto de Mars Volta: 1. Goliath; 2. Viscera Eyes; 3. Wax Simulacra; 4. Ouroborus; 5. Ilyena; 6. The Widow; 7. Cygnus....Vismund Cygnus.

O festival Paredes de Coura termina este domingo com Thievery Corporation, The Lemonheads e Biffy Clyro, entre outros.
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