O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, apontou culpas a Vladimir Putin pela queda do míssil na Polónia, que fez dois mortos, mesmo tendo sido "provavelmente causada” por um míssil ucraniano.
“A nossa análise preliminar sugere que o incidente foi provavelmente causado por um míssil de defesa aérea ucraniano disparado para defender o território ucraniano contra ataques de mísseis de cruzeiro russos. Mas deixem-me ser claro: isto não é culpa da Ucrânia”, começou Stoltenberg por dizer aos jornalistas em conferência de imprensa.
OI líder da Aliança não poupou nas palavras no momento de culpar Vladimir Putin: "A Rússia tem a responsabilidade final, porque continua a guerra ilegal contra a Ucrânia".
Jens Stoltenberg adiantou ainda que a Aliança não tem "indicação de que se tratou de um ataque deliberado" ou de que "a Rússia está a preparar ações militares contra a NATO".
O secretário-geral revelou ainda que, na reunião desta quarta-feira, foi manifestada "total solidariedade com a Polónia" e dadas garantias de que os países-membros vão continuar a apoiar a Ucrânia contra a Rússia. "Concordámos que precisamos de estar vigilantes e a monitorizar a situação de perto. A NATO permanece unida e faremos tudo o que for necessário para defender todos os aliados".
Jens Stoltenberg recordou que a NATO "aumentou significativamente" a presença no leste Europeu, com mais tropas, maior presença aérea e naval.
O secretário-geral da Aliança agradeceu ainda a disponibilidade dos aliados em fornecer sistemas de defesa aérea à Ucrânia. Na resposta aos jornalistas, Jens Stoltenberg afirmou que o míssil na Polónia demonstra que a guerra na Ucrânia, "a qual é responsabilidade do presidente Vladimir Putin, continua a criar situações perigosas".
Voltando a afirmar que a culpa do míssil ter caído em território polaco não é da Ucrânia, Jens Stoltenberg voltou a frisar que "a investigação ainda não está concluída, mas que terá sido causada pela defesa aérea da Ucrânia".
"Mais uma vez, isto não é culpa da Ucrânia. A Rússia tem a responsabilidade por aquilo que aconteceu na Polónia e pela onda de ataques. E, claro, a Ucrânia tem o direito de abater os mísseis que têm como alvo as cidades ucranianas e as infraestruturas", afirmou, garantindo que a NATO está preparada para este tipo de situações.
Na terça-feira, a Polónia disse que um “projétil de fabrico russo” caiu no seu território, próximo da fronteira com a Ucrânia, provocando a morte de duas pessoas, dia em que a Rússia bombardeou infraestruturas de energia por toda a Ucrânia. A Ucrânia acusou a Rússia de ser responsável pelo ataque, mas Moscovo negou ter disparado o míssil.
Já esta quarta-feira, o presidente polaco, Andrzej Duda, admitiu que o míssil “terá sido lançado pela Ucrânia”, mas disse que nada indica que tenha sido um “ataque intencional”.
Duda declarou que a Polónia não vai invocar o artigo da NATO que prevê consultas entre aliados sempre que esteja ameaçada a "integridade territorial, a independência política ou a segurança" de qualquer dos Estados-membros da Aliança Atlântica.