Ota: dono de terrenos quer compensação - TVI

Ota: dono de terrenos quer compensação

  • Portugal Diário
  • 10 jan 2008, 18:19
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Considera-se lesado pela demora na decisão e pelas restrições

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António Varela, um dos maiores proprietários de terrenos na zona de influência da Ota, durante muito anos apontada como possível localização do novo aeroporto, considera-se lesado pela demora na decisão e pelas restrições impostas, reclamando medidas compensatórias, escreve a Lusa.

O presidente do Grupo Tiner, ligado à construção civil e à promoção imobiliária, entre outras áreas de actividade, adiantou à agência Lusa que a compensação poderia passar pela redução de taxas e impostos sobre o desenvolvimento imobiliário e a construção e manifestou a esperança de poder avançar rapidamente com projectos que ficaram «congelados» na última década.

Medidas restritivas

Parte dos terrenos do Grupo Tiner, todos localizados fora dos 1.810 hectares definidos pela NAER para a implantação do novo aeroporto na Ota, estavam no entanto sujeitos a medidas restritivas que proibiam a construção em parte significativa do município de Alenquer, sobretudo no Carregado, para assegurar os acessos rodoviários.

Os terrenos em causa foram adquiridos há mais de dez anos e estão dispersos pelos concelhos de Alenquer, Azambuja e Vila Franca de Xira.

«Sinto-me penalizado, tal como os restantes proprietários. Não sei o que o Governo pode fazer para remediar a situação, mas era preciso que algo fosse feito para compensar os prejuízos causados», salientou o empresário, engenheiro civil de formação.

Para António Varela, «os proprietários que compraram terrenos para onde estão definidos usos industriais ou outros e não puderam avançar com os seus projectos devem ser compensados, porque tudo ficou congelado».

Aliviado por haver «decisão»

Ao mesmo tempo, o responsável do Grupo Tiner sente-se «aliviado» por haver finalmente uma decisão e espera pode agora avançar rapidamente com os projectos que ficaram «congelados».

Entre estes incluem-se áreas comerciais (retails e outlets), centros de distribuição logística, um lote para 34 moradias e um empreendimento turístico com golfe e hotelaria.

Já para José António Carmo, presidente da Turiprojecto, outro grupo empresarial apontado como «grande proprietário» de terrenos nesta zona, a opção pela Ota ou por Alcochete «não faz grande diferença».

«Os nossos terrenos estão localizados sobretudo no concelho da Azambuja, por isso o impacto do novo aeroporto seria igual quer se optasse por uma localização ou por outra, por que não havia grandes restrições. Mas há muitos promotores com terrenos em Alenquer que têm razões para perguntar quem os indemniza pelos vários anos de espera», afirmou à Lusa.

«Dia negro para Portugal»

O docente universitário Manuel Porto afirmou esta quinta-feira que a opção do Governo por Alcochete para localizar o novo aeroporto representa «um dia negro para Portugal, que vai contra os ventos da história».

O autor do estudo síntese de um grupo de trabalho de universitários e outras personalidades que defende a opção Ota realçou que a decisão tem impactos no ordenamento do território, ambiente e nos montantes financeiros necessários.

Na sua opinião, a localização na Ota permitia uma articulação com os sistemas de transportes existentes e com o traçado do futuro TGV, o que não acontece com o de Alcochete, a sul do Tejo.

Manuel Porto lembrou que os custos de construção do novo aeroporto eram idênticos para a Ota e Alcochete, mas neste é necessário construir novas travessias do Tejo, com as implicações financeiras que isso comporta.

Essa decisão vai obrigar as pessoas aos congestionamentos da travessia de Lisboa, tendo em conta que 90 por cento da procura do aeroporto se situa a norte do Tejo.

Por outro lado - acrescentou - «vai-se ocupar um terreno numa zona que deveria ser preservada ambientalmente».
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