«Vozes críticas» do PS na televisão

O ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou esta terça-feira que a entrevista de Manuel Alegre à SIC-Notícias, de cujo teor discorda, desmente quem julgou [o PSD] que as vozes críticas socialistas ao Governo não chegavam ao «prime-time» televisivo, escreve a lusa.

Em entrevista à SIC-Notícias, segunda-feira à noite, o ex-candidato presidencial e deputado socialista Manuel Alegre considerou que o ministro da Saúde, Correia de Campos, já não tem condições políticas para continuar no cargo.

Na mesma entrevista, Manuel Alegre classificou as medidas do ministro Correia de Campos (sobretudo, os encerramentos de serviços de urgências) como contrárias aos princípios socialistas de defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em declarações à agência Lusa, Augusto Santos Silva disse discordar da posição assumida por Manuel Alegre, contrapondo que «a política de saúde do Governo é concebida e realizada para defender e desenvolver o SNS».

«Temos aqui uma divergência de opinião», salientou o ministro dos Assuntos Parlamentares.

Já sobre a ideia de Manuel Alegre de que Correia de Campos já não reúne condições para continuar como ministro da Saúde, Augusto Santos Silva apenas afirmou que «a composição do Governo é uma matéria da exclusiva competência do primeiro-ministro [José Sócrates] e nenhum ministro se pronuncia sobre isso».

«Opiniões legítimas»

«Mas as opiniões de Manuel Alegre são inteiramente legítimas e só demonstram que o PS é um partido plural, em que as pessoas falam livremente, mesmo que seja para criticar as decisões do seu próprio Governo. Essa é uma das características matriciais genéticas do PS - partido em que todos são livres de terem opiniões», sustentou.

Nas declarações à agência Lusa, o ministro dos Assuntos Parlamentares fez ainda alusão a uma recente posição do presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, que considerou importante haver também vozes de socialistas críticos do Governo nas televisões - casos dos deputados António José Seguro e Manuel Alegre - e não apenas de dirigentes mais alinhados com a direcção do PS (como António Vitorino e Jorge Coelho).

«A recente entrevista de Manuel Alegre demonstra como estão errados todos os que imaginam que o PS seja monolítico e esteja amordaçado pelo Governo. Essa entrevista também demonstra que muito menos estão certos os que sustentaram que é difícil às vozes críticas do Governo terem acesso à comunicação social - como se prova, têm acesso e em prime-time [televisivo]», afirmou o ministro dos Assuntos Parlamentares.