Como se resolvem os problemas de África? - TVI

Como se resolvem os problemas de África?

Discursos marcados por boas intenções marcam cimeira. Políticos querem ver mudanças e apresentam algumas soluções

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Robert Mugabe e a situação da violação dos direitos humanos no Zimbabué tem percorrido os discursos desta cimeira EU/África, pautados por palavras de boas intenções entre os dois continentes.

Mugabe está sentado numa ponta do plenário, a sete mesas da comitiva do Reino Unido. Na emissão em directo que se assiste no centro de imprensa montado no pavilhão da Feira Internacional de Lisboa (FIL), os jornalistas não têm acesso à forma como o líder do Zimbabué tem recebido todas as referências que lhe têm sido feitas - apenas aos discursos.

A condenação mais firme veio da chanceler alemã, Angela Merkel, que falou abertamente da violação dos direitos humanos no Zimbabué, considerando de forma directa que a situação no país «faz mal à imagem de uma nova África».

«A intimidação (no Zimbabué) das pessoas que pensam de maneira diferente e os ataques à liberdade de imprensa não se podem justificar por nada», disse a alemã, sublinhando que o que se passa naquele país «toca a todos, tanto europeus, como africanos».

Atenções voltadas para Darfur

Os presidentes da UE, José Sócrates, e da Comissão Europeia, Durão Barroso, reúnem-se esta tarde com o chefe de Estado do Sudão, Omar El Bashir, para analisar a situação dos refugiados no Darfur. Estará também presente o alto representante da União Europeia para a Política Externa e Segurança Comum, Javier Solana.

A vice-secretária-geral da ONU, Asha Rose Mirigo, defendeu na cimeira que a principal preocupação das Nações Unidas no Darfur é o «rápido e efectivo destacamento de uma força de paz robusta».

Nos discursos apresentados, os problemas africanos dominam mais do que as soluções, bem mais difíceis de encontrar. Para o Presidente do Egipto, Hosni Mubarak, essas soluções passam por enfrentar alguns problemas de outra forma, defendendo que «os direitos humanos não se podem separar da luta contra a pobreza».

O tempo corre contra os problemas de África, que se agravam dia-a-dia. «Não há mais tempo a perder na relação entre os dois continentes. É altura de construirmos soluções. A nova estratégia exige um diálogo político com frontalidade, sem tabus e sem temas proibidos», frisava José Sócrates no início desta cimeira.

Durão quer uma parceria estratégica

De ambos os continentes chegam assim discursos repletos de boas intenções. O Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, sublinhou na sua intervenção da manhã que esta é uma oportunidade para «eliminar os velhos estereótipos e avançar na criação de uma verdadeira parceria estratégica».

Durão Barroso começou por falar em português, mas a meio da sua comunicação mudou para o inglês. No seu discurso, frisou que esta cimeira é muito diferente da primeira, realizada há sete anos, no Cairo, porque novos desafios são colocados aos dois continentes.

«Muitos desafios que hoje enfrentamos, sejam as alterações climáticas, as migrações em massa e as pandemias, como a SIDA, malária ou a tuberculose, ignoram fronteiras e exigem respostas transnacionais», defendeu.

Canais legais para a imigração

Durão Barroso lamentou a pobreza em África, mas enalteceu o esforço de desenvolvimento sustentado dos países africanos que, contudo, não evitam alguns «dramas» que se vivem naquele continente, como é o caso da imigração ilegal de África para a Europa.

O tema da imigração dominou o discurso do primeiro-ministro espanhol, José Luís Rodriguez Zapatero, que defendeu a criação de canais legais para os fluxos migratórios é a forma mais «honesta» de lidar com a imigração. «A única política honesta de imigração será que se estabeleça canais legais para os fluxos migratórios», afirmou o chefe do governo espanhol.

Com agência Lusa
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