PT/TVI: «Já vão tarde porque a PT está interessada no negócio»

O vice-presidente da Ongoing Rafael Mora contou, esta quarta-feira, na comissão de inquérito, o teor de uma conversa com José Eduardo Moniz a 19 de Junho de 2009.

Segundo o também membro do Conselho de Administração da PT, a conversa serviu para negociar a ida de Moniz para a Ongoing. «Mas também falámos da possibilidade da entrada [da Ongoing] na Media Capital», acrescentou.

«Moniz disse-me: vocês vão tarde porque temos informações que a PT está interessada no negócio. E eu fiquei surpreendido porque não tinha ouvido nada na PT», revelou.

Perante os «rumores», Rafael Mora questionou, no «dia 21 ou 22 de Junho», Henrique Granadeiro. «Ele não fazia a mínima ideia do que se estava a falar», revelou.

De acordo com o vice-presidente da Ongoing, a estas datas, o assunto nem sequer tinha sido discutido no Conselho de Administração da PT.

«Tomei conhecimento [do negócio PT/TVI], oficialmente, no dia 25 Junho 2009 na reunião do Conselho de Administração e, antes, no comunicado do dia 23 [à CMVM]», garantiu.

A reunião, do dia 25, «foi meramente informativa». «Era natural que o presidente do Conselho de Administração [Henrique Granadeiro] esclarecesse os administradores depois da notícia que saiu no jornal [«i»] e do comunicado dois dias antes», referiu.

Em Rafael Mora, nessa reunião, ficou a impressão de que «o negócio não tinha chegado ao fim».

«Achei necessário alertar para a conclusão rápida do negócio mediante a pressão dos media e a intervenção do Presidente da República», acrescentou.

Um dia depois, a Ongoing declara-se interessada na Media Capital. «No dia 26 não anunciámos o interesse em 30 por cento da Media Capital. Dissemos que estávamos interessados em olhar para o negócio. Levou muito tempo a termos a intenção de adquirir 35 por cento da Media Capital», corrigiu.

Foi neste mesmo dia que Henrique Granadeiro, de acordo com Rafael Mora, «telefonou a dizer que, depois das declarações do Governo e do Presidente da República, e apesar do interesse no negócio, ia acabar». «Não era oportuno fazer aquele negócio», explicou, sem, no entanto, conseguir precisar à deputada do PSD Carla Rodrigues «porque é que era oportuno dia 25 e dia 26 não».