«Se for eleito, vai ser por um mandato único» - TVI

«Se for eleito, vai ser por um mandato único»

Manuel Alegre (LUSA)

Candidato presidencial Manuel Alegre diz que desta forma evitaria situações conflituosas e seria suficiente para cumprir o que quer

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Manuel Alegre defendeu, em entrevista ao jornal «Expresso», que um mandato único seria ideal para concretizar o que «quer fazer» e evitar as confusões da função presidencial e de campanha eleitoral que vêm a ser repetidas por vários presidentes.

Numa crítica ao actual Presidente da República, Cavaco Silva, o candidato presidencial apoiado pelo PS e pelo BE disse não se quer «passear por bastiões presidenciais» o que, no seu parecer, resultou numa «confusão entre a função presidencial e a campanha eleitoral», situação que tem vindo a ser perpetuada ao longo do tempo.

«Todos os presidentes fizeram mais ou menos a mesma coisa, mas ele (Cavaco) fez mais intensamente. Deveria ter sido mais recatado», declarou Alegre, acrescentando que, no caso de ser eleito, esta situação conflituosa será resolvido com um mandato único: «É a minha vontade, acho que sou capaz de fazer o que quero num mandato».

O candidato esquerdista considerou ainda que a decisão de Cavaco Silva de não usar outdoors, sob o argumento de que os tempos são de austeridade, «não é brilhante». «A campanha presidencial tem de ter dignidade democrática, implica debate e confronto e também outdoors».



«Sabemos que há crise no sistema político e ele volta a ser o "não político que vai à luta contra a política", quando é um político profissional», considerou Alegre em relação às declarações de Cavaco Silva sobre o custo da campanha eleitoral em contexto de crise.

Para Alegre, o PR é «muito previsível e sem chama», uma figura que não inspira os «portugueses angustiados e, nomeadamente os jovens». Razão que «aflige» e faz Manuel Alegre querer «participar neste combate político», numa tentativa de restaurar a esperança, uma vez que «o que não é esperança é a resignação, o conformismo e o niilismo nacional»

«Cavaco tem absoluta falta de comparência»

Quanto ao desempenho do actual presidente na actual crise, Manuel Alegre considera que Cavaco Silva se tem destacado por uma «absoluta falta de comparência», que se tem traduzido num «conformismo» face às imposições do «eixo neo-imperial Berlim-Paris», uma questão que diz ser «do domínio político e não dos mercados».

Segundo Alegre, essa posição de «resignação» do Presidente em relação aos mercados deixa sem voz «um combate político que Portugal tem de travar», frisando «somos parceiros iguais da EU, não temos de ter nenhum complexo de inferioridade».

A «ausência» de Cavaco têm, assim, feito de «Cavaco um presidente de representação no mundo» uma vez que, considera Alegre, «foi aos países lusófonos mas devia ter arranjado maneira de ir a França e à Alemanha».

«Um presidente, além de moderador e regulador, pode ser promotor de debates e inspirador», disse, frisando que Cavaco «não é factor de estabilidade político nem social».

«Gostava de saber porque Nobre embirra comigo»

«Conheço-o mal mas sempre tivemos uma relação cordial» disse Manuel Alegre, quando questionado sobre a sua relação com o candidato presidencial Fernando Nobre. «Gostava de saber porque embirra comigo», disse.

«Não disputamos», disse Alegre, que não atribui a animosidade à disputa política, acrescentando que «estas eleições vão ser muito bipolarizadas». «[Nobre] foi formatado no sentido de vir fazer o que eu fiz em 2006», disse.

Quanto ao resultado das eleições marcadas para dia 23 de Janeiro, Alegre, minimizando as previsões das sondagens que dão uma vitória a Cavaco, considerou difícil ter um resultado inferior obtido em 2006, nas eleições que disputou com Mário Soares e Cavaco Silva.

«Perder, nem que seja por um, é uma derrota. Mas acho difícil ficar abaixo do que tive», declarou Manuel Alegre, descartando a chegada à 2ª volta como uma «vitória».

«É condição da vitória, mas vitória é ganhar a eleição. Não ando aqui a cumprir calendário, se alguma coisa tinha a demonstrar foi na última eleição», concluiu.
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