CIA: Ana Gomes acusa Sócrates de proteger Durão

A eurodeputada Ana Gomes acusou o governo de José Sócrates de proteger o executivo PSD/CDS-PP, de Durão Barroso e Paulo Portas, ao dar orientações aos deputados socialistas para a votação no Parlamento Europeu relativa aos voos da CIA.

«É uma demonstração do centrão em todo o seu esplendor!», declarou a jornalistas a eurodeputada socialista, no final da aprovação pelo PE do relatório que denuncia a utilização de Portugal e de outros países da União Europeia para voos ilegais da CIA de transporte de prisioneiros suspeitos de terrorismo.

Em causa está um parágrafo com uma referência à recusa dos antigos ministros Paulo Portas (Defesa) e Figueiredo Lopes (Administração Interna), do governo PSD/CDS-PP chefiado por Durão Barroso, em falarem perante a comissão temporária (proposto por Ana Gomes) que hoje foi excluído do texto final adoptado pelo PE, com os votos favoráveis de PSD, CDS, mas também de vários deputados socialistas portugueses.

A eurodeputada eleita pelo PS acusou o executivo de José Sócrates de ter dado orientações, através da Reper (Representação Permanente de Portugal junto da UE), para os deputados votarem a favor da supressão do parágrafo em causa.

Edite Estrela, líder da delegação do PS ao Parlamento Europeu, refutou, contudo, ter recebido quaisquer orientações de Lisboa e justificou que votou a favor da supressão da referência aos antigos ministros por uma questão de «equilíbrio» do texto final relativamente a Portugal.

«Não recebi nenhuma recomendação do governo em relação a qualquer tipo de votação», assegurou Edite Estrela.

A líder dos socialistas portugueses no PE justificou que votou contra (a referência a Paulo Portas e a Figueiredo Lopes) em nome do equilíbrio entre os diversos países e, designadamente, porque «não havia nenhuma outra referência nominal a ex-membros de governos que não tivessem correspondido à solicitação da comissão».

Edite Estrela indicou que também votou contra a inclusão de uma referência ao antigo primeiro-ministro Durão Barroso (proposta pelo Grupo de Esquerda Unitária), para assinalar que é «insuspeita» em qualquer dos casos, pois não tem «relações de amizade, nem qualquer tipo de simpatia política» quer por Paulo Portas, quer pelo actual presidente da Comissão Europeia.