"Este não é o nosso Governo, é um Governo que estamos a apoiar" - TVI

"Este não é o nosso Governo, é um Governo que estamos a apoiar"

Declarações de Luís Fazenda, na Convenção do Bloco de Esquerda, que decorre este fim de semana, em Lisboa

O fundador bloquista Luís Fazenda distinguiu este sábado o BE do PS, reiterando o apoio parlamentar ao Governo socialista, mas sem fazer parte de uma coligação porque Bloco quer ir mais longe.

Luís Fazenda discursava na X Convenção do BE, que decorre até domingo em Lisboa, tendo usado as palavras do líder da oposição, Pedro Passos Coelho (PSD), - que diz que o atual Governo é o do BE - para fazer uma demarcação e uma distinção entre socialistas e bloquistas.

Não, este não é o nosso Governo, é um Governo que estamos a apoiar, mas não é o nosso Governo. O nosso Governo de esquerda vai muito mais além e é por isso que é importante que nós façamos sempre esta distinção junto do eleitorado, das pessoas, dos trabalhadores, de toda a gente em geral, que nós queremos ir muito mais longe", enfatizou.

 

Sim, estamos numa maioria parlamentar, mas estamos a preparar uma alternativa. Nós não fazemos parte de uma coligação governativa, quem foi defender uma coligação governativa com o PS nas últimas eleições vaporizou-se", comparou.

O fundador do BE explicou que os bloquistas estão "a apoiar numa maioria parlamentar o atual Governo minoritário do PS porque foi a forma de afastar um Governo de direita, que aliás teve aquele triste percurso cavaquista até se exaurir como Governo que não passou no parlamento".

Mas esse Governo subsiste devido a um acordo. Enquanto esse acordo subsistir nós estaremos a apoiar o Governo minoritário do PS", assegurou.

Fazenda quer, aliás, que os bloquistas aprofundem esse acordo, mas querem "ir muito mais longe" e recuperar rendimentos e melhorar a defesa do Estado social.

"Isso não autoriza as palavras de Passos Coelho dizendo que este é o vosso Governo", insistiu, observando que "o atual Governo do PS não garante esse Governo de esquerda".

"Dizemos basta ao poder da finança"

A deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua criticou o "poder da finança" nas democracias europeias, inclusive Portugal, e disse que a esquerda tem de contrariar que as democracias estejam "subjugadas aos mercados financeiros".

Dizemos basta ao poder da finança", vincou a bloquista, numa intervenção esta tarde na X Convenção do partido, que decorre até domingo em Lisboa.

Nesta intervenção - de quatro minutos - centrada acima de tudo em questões económicas e na sua ligação com o povo e as democracias, Mortágua lamentou o "estado da União Europeia (UE)", admitindo que é legítima a "desilusão de povos a quem a UE tudo prometeu, inclusive controlar a finança depois da crise financeira, e nada fez."

Pôr a finança no seu lugar, doa a quem doer, é condição inevitável para que a esquerda possa concluir o seu projeto", enfatizou a parlamentar do BE.

Desobedecer aos que querem uma Europa contra os povos

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda disse hoje na X Convenção do partido que o BE deve desobedecer aos querem uma Europa contra os povos.

Antes, tinha subido aopílpito Pedro Filipe Soares, o primeiro a discursar no retomar dos trabalhos da Convenção que decorre desde manhã em Lisboa, tendo criticado os líderes europeus e aludido à decisão de quinta-feira dos eleitores do Reino Unido de saírem da União Europeia.

“Esses que quiseram uma Europa contra os povos agora parece que estão chocados porque os povos se viraram contra eles”, afirmou acrescentando: “Convençam-se que não há mais possibilidade para que seja negado aos povos a capacidade de escolherem o seu destino e é isso que o Bloco disse desde o início”.

Pedro Filipe Soares apresentou as principais ideias da Moção A, afeta à atual direção, e disse que o partido deve “desobedecer” àqueles que querem uma Europa contra os povos e “garantir que a democracia também passa pela soberania democrática” dos países.

A moção A junta as principais tendências do BE.

Filipe Soares mostrou-se também descrente das atuais políticas europeias: “Assistimos ao ‘brexit’ (saída da União Europeia) e logo um coro de vozes veio dizer que provavelmente agora a Europa vai ganhar juízo, vão perceber que fizeram algumas coisas mal e arrepiarão caminho”.

O dirigente exemplificou depois que em todas as anteriores crises “diziam que a Europa ia aprender”, mas tal não aconteceu.

Será que acreditam mesmo que Wolfgang Schäuble vai ficar mansinho e vai falar candidamente com os países do sul da Europa ou vai-se levantar e dizer: ‘nem pensar em aplicar sanções para Portugal, eles não podem sofrer mais” (…)”, questionou para responder que os dirigentes europeus o que querem é “castigar os povos para que as elites e a finanças saiam sempre por cima destas crises”.

A tarde de hoje, primeiro de dois dias da reunião magna bloquista, é dedicada ao debate das moções de orientação política.

Foram também abertas de tarde as urnas para a eleição dos órgãos nacionais do partido, Mesa Nacional e Comissão de Direitos, ao passo que no domingo de manhã serão votadas as moções políticas e a porta-voz Catarina Martins intervém na sessão de encerramento dos trabalhos.

O mote da X Convenção, que decorre no pavilhão do Casal Vistoso, é "Mais força para vencer".

Desde as legislativas do ano passado, o partido tem o maior grupo parlamentar da sua história, somando agora 19 deputados na Assembleia da República depois de ter obtido 10,2% dos votos nas eleições de outubro de 2015.

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