«Escutas divulgadas de forma criminosa», diz PS - TVI

«Escutas divulgadas de forma criminosa», diz PS

Oposição quer que Primeiro-Ministro esclareça alegadas pressões à comunicação social

A oposição quer explicações de José Sócrates sobre as suas relações com a comunicação social. Já o PS considera «inaceitável» o aproveitamento político que se está a fazer do assunto.

O líder parlamentar socialista, Francisco Assis, diz que as escutas que envolvem José Sócrates foram divulgadas de forma criminosa e que a sua valorização pode dificultar as relações entre primeiro-ministro e presidente da república.

O PCP exigiu este sábado «um cabal esclarecimento por parte do primeiro-ministro», José Sócrates, sobre as notícias de «alegadas pressões para determinar alterações e afastamentos favoráveis ao Governo e ao PS» na comunicação social.

A posição do PCP foi transmitida através de uma nota enviada aos órgãos de comunicação social «sobre as notícias divulgadas pelo jornal Sol» na sexta feira.

As escutas proibidas

«A divulgação por um semanário de notícias sobre alegadas pressões para determinar alterações e afastamentos favoráveis ao Governo e ao PS ao nível dos órgãos de comunicação social exigem um cabal esclarecimento por parte do primeiro-ministro», refere a nota.

De acordo com o PCP, trata-se de «um esclarecimento tão mais necessário e imperativo quanto a multiplicação de notícias sobre casos deste domínio não podem deixar de causar legitimas interrogações e inquietações».

Na edição de sexta-feira, o semanário Sol transcreve extractos do despacho do juiz de Aveiro responsável pelo caso Face Oculta em que este considera haver «indícios muito fortes da existência de um plano», envolvendo o primeiro-ministro, José Sócrates, para controlar a estação de televisão TVI e afastar Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz. Do despacho constam transcrições de escutas telefónicas envolvendo Armando Vara, então administrador do BCP, Paulo Penedos, assessor da PT, e Rui Pedro Soares, administrador executivo da PT. O assunto é este sábado retomado pelo Correio da Manhã, que, com base nos mesmos extractos, diz em manchete «Conspiração ataca presidente», e escreve que «Primeiro-ministro tinha plano para condicionar actuação de Cavaco Silva».

«Jornalismo de buraco de fechadura»

Também o CDS-PP considera que o Governo deve esclarecer as informações «de natureza política» que mostram a forma como o executivo lida com as empresas de comunicação social.

Num comunicado enviado às redacções e assinado pelo porta-voz do CDS-PP, Nuno Magalhães, os democratas-cristãos declaram seguir «com preocupação» as «informações de natureza estritamente política, e apenas essas, que revelam a forma como o Governo lida com as empresas de comunicação social».

«O bom senso impõe que essas informações sejam esclarecidas pelo Governo, até porque temos presente as declarações feitas no Parlamento sobre o chamado caso TVI», considera o CDS-PP.

O partido liderado por Paulo Portas ressalva que, no seu entender, «as boas regras reservam à justiça o que é da justiça», afirmando-se «contra a judicialização da política».
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