«As batatas estão na forra e os calos nas mãos» - TVI

«As batatas estão na forra e os calos nas mãos»

Passos Coelho nas ruas de Seia ouve as queixas da população e tenta acabar «com o clima de medo» que foi criado contra o PSD

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Pouco passava das nove da manhã quando Pedro Passos Coelho começou a percorrer as ruas de Seia para o agendado contacto com a população. E a agenda não mente quando aponta para um contacto com a população. Nem os gritos constantes dos dezenas de elementos da JSD impedem Passos Coelho de falar com as pessoas, ouvir as suas queixas e, com a sua voz colocada tentar deixar algumas palavras aos eventuais eleitores.

«Precisamos de um Governo forte», diz Passos aos que criticam este Governo e lhe pedem que ocupe o lugar em São Bento que agora é de José Sócrates.

Passos Coelho entrou nas lojas e cafés, distribuiu beijinhos e até autografou uma bandeira nacional. «Gosto muito dele. Queria ficar com uma recordação», contava radiante Maria do Céu, mostrando o autógrafo: «À Maria do Céu. Beijos».

No meio da confusão, uma agricultora pediu-lhe: «Ponha a agricultura a andar para a gente poder vender». E queixou-se depois: «As batatas estão na forra [armazenadas] e os calos nas mãos. E andámos a comprar batata espanhola».

Queixou-se depois que uma nova lei impediu que o marido, que sempre conduziu tractor com carta de moto, o continue a fazer. «Não sabia disso. Vou informar-me», admitiu o líder do PSD.

Atrás a jota cantava «Passos já ganhou. Passos já ganhou», mas no final, questionado pelos jornalistas, o líder do PSD, recusa-se «a entrar numa compita com José Sócrates de quem canta vitória», referindo-se ao discurso da noite do secretário-geral do PS, em que este diz: «A única palavra que me ocorre é esta: vitória». «É um espectáculo triste para a maior parte das pessoas que acompanha a campanha eleitoral», disse Passos Coelho.

«Mas já diz: quando tomarmos posse», apontam os jornalistas. «Eu estou a assumir que se tomar passe, vou tomar desde logo conta daquilo que é preciso porque não há grande tempo a perder. Foi isso que eu disse. Era essa a intenção. É evidente que estamos numas eleições, ninguém está certo de as poder ganhar. O que eu manifesto é a minha crença, a minha convicção de que o PSD pode e deve ganhar estas eleições».

O líder do PSD diz também que sente «que foi difundida uma mensagem de medo em Portugal». Nós vivemos uma crise social muito grave, o estado gastou o que não tinha, por essa razão hoje está a prejudicar as suas obrigações sociais, cortou prestações sociais, bolsas aos estudantes, cortou salários e ainda ameaçam as pessoas que se o PSD for eleito as pessoas vão ter de pagar tudo: a saúde, a educação, o apoio social. Que o PSD quer tirar tudo a toda a gente, acha que isto é uma mensagem séria?»

«Isto é a coisa mais desonesta que eu tenho visto desde que me lembro da política e lembro-me da política desde os meus 14 anos. Nunca vi uma coisa destas e isso obriga-me infelizmente a perder uma parte do meu tempo para dizer às pessoas que isso é mentira e que só pode alguém muito desesperado e agarrado ao poder prejudicar tanto as pessoas como tem prejudicado e ainda querer alimentar o medo nas pessoas, que elas ainda fiquem piores se porventura se quiserem livrar dos que fizeram o mal para que eles possam fazer o mal e a caramunha», diz Passos.

E a verdade é que pela rua, o líder do PSD tem tentado passar a sua mensagem, mas nem todos querem ouvir. Um transeunte afirmou a Passos: «estou muito zangado com os políticos. Com todos». E aos jornalistas contou em seguida: «Esta é a primeira vez que não irei votar».
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