Isaltino condena combate à corrupção em «praça pública» - TVI

Isaltino condena combate à corrupção em «praça pública»

Isaltino: um exemplo de justiça lenta

Presidente da Câmara de Oeiras acusa o Governo pelo «ataque» ao poder local, acusou a Associação Nacional de Municípios de ser «domesticada»

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, criticou, esta quinta-feira, o Governo pelo «ataque» ao poder local, acusou a Associação Nacional de Municípios de ser «domesticada» e condenou o combate à corrupção em «praça pública».

Na cerimónia de comemorações do Dia do Município, que hoje se assinala, Isaltino Morais conduziu o seu discurso por um caminho diferente do que tem feito em anos anteriores e, em vez de enfatizar obras feitas pelo executivo, optou por «discutir o país».

«O que se tem passado é demasiado grave. Estamos a assistir ao maior ataque ao poder local de sempre», disse Isaltino Morais, lançando o mote para cerca de 45 minutos de duras críticas às atuais políticas do Governo.

Reformas sociais com «única preocupação contabilística», reorganização administrativa autárquica que «visa a extinção compulsiva sem a participação dos municípios», a redução de dirigentes «coberto de um manto ridículo e pura demagogia», reforma do tecido empresarial municipal e a reestruturação do setor da água foram os temas abordados por Isaltino Morais.

«As autarquias são o bode expiatório do défice financeiro e o parente pobre da administração central», afirmou o autarca.

Isaltino Morais realçou, contudo, que apoia a mudança e as reformas, mas repudia o «ataque social que tem sido feito com uma única preocupação contabilística».

O autarca considerou ainda que os sacrifícios impostos às autarquias deviam «fazer corar de vergonha» a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) por estar numa «cúpula domesticada».

Isaltino Morais lamentou o discurso «pessimista», mas realçou que «estes são tempos em é que é muito difícil ter um discurso otimista», porque, justificou, «a falta de sensibilidade política e humana do Governo está a abrir brechas terríveis ao povo português».

No seu discurso, o autarca aproveitou ainda para comentar os procedimentos de combate à corrupção. «Acham que o combate à corrupção deve ser feito com manifestações em praça pública, quando a corrupção deve ser combatida com leis claras e transparentes. E quando chega a absolvição muitas vezes já é tarde porque já foi causado muito sofrimento e as famílias já foram muito afetadas e mesmo quando chega a absolvição, não se dá importância a isso», concluiu.

No mês passado, o Ministério Público de Oeiras considerou prescrito o procedimento criminal contra o presidente da Câmara de Oeiras pelo crime de corrupção passiva para ato ilícito, pelo que arquivou o inquérito.

No âmbito das comemorações do Dia do Município, no auditório municipal Ruy de Carvalho, em Carnaxide, a câmara prestou ainda homenagem a «algumas personalidades que contribuíram para o bem local e nacional».
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