Comício ou <i>contracomício</i>?

Este sábado é dia de festa para o PS, que irá comemorar três anos de governação no pavilhão do Académico, no Porto. Mas o comício não é consensual, mesmo entre os socialistas.

Manuel Alegre, irónico, diz, aos microfones da Antena 1, que «a maior manifestação de sempre de professores, que reuniu 100 mil docentes, parece não ter importância nenhuma... O PS está aliás muito contente e faz um comício de regozijo, no Porto. É porque estão todos muito contentes».

«No Académico, só agremiações em fim de festa»

Para que serve o comício do PS?

Menos sarcástico, mas igualmente discordante está Medeiros Ferreira, que no seu blogue Bichos Carpinteiros, diz que «o PS fez mal em responder com um comício às manifestações de rua dos professores». Opinião idêntica tem Vital Moreira no Causa Nossa, onde não hesita em chamar à reunião socialista um «contracomício».

«É claro que os partidos de governo não estão inibidos de fazer comícios e manifestações. Mas não vejo que vantagem pode ter visto o PS na realização de um comício nesta altura, que só poder ser visto, mesmo que não tivesse sido desejado, como resposta à contestação do Governo na rua».

Há quem considere, mesmo dentro do PS, que o comício na Invicta é um passo demasiado cauteloso para um partido no Governo e com maioria absoluta. Segundo fonte do Largo do Rato, três mil pessoas chegam para encher o pavilhão, onde são esperados militantes de todo o país: foi dado o toque a rebate para encher a casa e o apelo das mulheres socialistas, publicado em blogues, e enviado às militantes é claro ao disponibilizar transporte para quem quiser mostrar «o orgulho em ser socialista». «Se necessitar transporte, contacte a Federação ou a sede nacional. Vamos ao Porto, camaradas!»

Entre dirigentes, deputados e militantes, o apelo é idêntico e ninguém quer faltar à chamada, quando se cumprem três anos de governação, com as próximas eleições a um ano de distância.

Apenas uma «festa popular»

«O comício do Porto será uma realização popular, que juntará militantes e simpatizantes socialistas que pretendem festejar três anos de Governo», declarou à agência Lusa o porta-voz do PS, Vitalino Canas, que considerou «ridículo» fazer-se qualquer relação entre este evento e a recente manifestação de professores, que juntou cerca de 100 mil pessoas nas ruas de Lisboa.

Vitalino Canas rejeitou também as críticas que foram feitas ao longo dos últimos dias por socialistas como Manuel Alegre, Teresa Portugal, Pedro Adão e Silva, ou pelo constitucionalista Vital Moreira: «Não foi o PS quem escolheu a data em que o Governo tomou posse há três anos. Como tal, não faria sentido comemorar esse momento alto da vida do partido daqui a dois ou três meses».