PSD: contra o PS, marchar, marchar - TVI

PSD: contra o PS, marchar, marchar

Ex-líderes apelam à união. Candidatos poupam-se a ataques pessoais, mas não resistem a algumas farpas

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O congresso extraordinário do PSD em Mafra fica, desde já, marcado pela «vitória» de Pedro Santana Lopes. Todos, principalmente os que se revelaram contra esta reunião magna, acabaram por admitir que o encontro «era útil» para que o partido se reencontrasse.

Os discursos de Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes e Marques Mendes, ex-líderes do partido, foram, além dos candidatos à liderança, os que mais aplausos recolheram dos militantes. O apelo à união do partido num momento em que o país vive uma época difícil foi o mote de todos.

Ainda durante a manhã, Manuela Ferreira Leite aproveitou a sua intervenção para fazer um balanço dos últimos dois anos. Discurso, aliás, muito semelhante ao que viria a fazer Aguiar-Branco algumas horas depois. «O PSD tinha razão, o PSD avisou e o PS não ouviu». Mas ao contrário da líder, as palavras do líder parlamentar e candidato a presidente do partido não tiveram a mesma recepção calorosa. Só as críticas ao Governo de José Sócrates valeram a José Pedro Aguiar Branco algumas ovações.

O social-democrata realçou também a importância da eleição, dizendo mesmo que «o próximo líder do PSD será também o próximo primeiro-ministro».

O último candidato a entrar na corrida, Castanheira de Barros, e o primeiro a discursar foi o mais «difícil» da tarde. Os congressistas dispersaram a atenção e o presidente da mesa do congresso foi obrigado a intervir e a pedir menos ruído. Apenas quando se referia à JSD, os jovens se entusiasmavam e reagiam à intervenção. O tom baixo de voz e a falta de noção da localização do microfone também não ajudaram ao discurso, que parecia ser lido ao tom de uma aula.

Castanheira de Barros queixou-se de ser ignorado pela Comunicação Social quando se fala de candidatos à liderança, mas durante o discurso percebeu-se que nem a atenção dos militantes laranja consegue captar.

Paulo Rangel começou por confessar o nervoso miudinho de quem está prestes a fazer um discurso importante e isso acabou por se notar na voz. Ganhou o congresso em alguns momentos, mas talvez não chegue na corrida para a vitória.

Mais calmo, suave no tom, mas nem sempre no estilo, Passos Coelho destacou-se na sua intervenção. Conseguiu os melhores momentos da noite, mas também, por excesso de confiança, os piores. As palavras que dirigiu a Alberto João Jardim não foram compreendidas por todos e nem o líder regional da Madeira ficou agradado. Antes pelo contrário. Acabou por sair do lugar onde estava sentado, para se colocar ao lado de Paulo Rangel, num apoio implícito.

A referência aos poucos anos de Paulo Rangel como militante do PSD, mais directa do que a de Aguiar-Branco, também não ficou bem, num espaço que se queria de «união» pós-eleições.

Marques Mendes tinha avisado que o povo não compreende «como podem querer governar o país quando não se entendem internamente», mas os candidatos não quiseram seguir os conselhos dos ex-líderes que acabaram por marcar o primeiro dia de congresso.
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