Juros de crédito à habitação caem em Setembro - TVI

Juros de crédito à habitação caem em Setembro

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As taxas de juro às quais está indexada a maioria dos créditos à habitação começaram a descer.

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A diminuição ocorrida em Setembro é ligeira e ainda não será suficiente para baixar o valor das prestações, o que só deverá acontecer se se mantiver por mais tempo. Para já, quem viu a taxa do empréstimo ser revista no mês passado, ou quem assinou um novo crédito, beneficiou do facto de pagar menos do que seria de esperar se os aumentos iniciados pelo Banco Central Europeu (BCE) continuassem ao ritmo registado há já três anos, avança o «Jornal de Notícias».

Não é possível prever quanto tempo a acalmia das últimas semanas durará, mas o simples facto de os juros estarem estáveis, e terem até descido um pouco, é um alívio para quem tem dificuldade em honrar os seus créditos para compra de casa. O indexante mais comum é a Euribor a seis meses, revista (como o nome indica) de meio em meio ano. Ora, em Março, a taxa rondava os 3,96% - menos do que os 4,753% de ontem. A recente descida não é suficiente para chegar ao nível de Março e, por isso, quem está nestas condições não sairá directamente beneficiado.

Euribor a 3 meses em pior situação

O que aconteceria se esta descida não tivesse sucedido? Quem fez ontem um empréstimo de cem mil euros indexado à Euribor a 6 meses, a 30 anos e com um «spread» de 1%, começará a pagar 583,76 euros mensais. Se o tivesse feito no início de Setembro, teria começado a pagar 586,31 euros, menos 30 euros ao final de um ano. Para quem tem créditos indexados à Euribor a 12 meses, a diferença é ainda mais significativa de 69 euros ao ano.

Os créditos indexados à Euribor a 3 meses, os mais usados nos financiamentos pela banca, estão em pior situação, porque «há a expectativa de que continue a actual falta de liquidez», causada pela crise nos EUA, disse o professor da Católica, João César das Neves. O medo de não encontrar dinheiro suficiente deixa a banca disposta a pagar mais pelo que existe, subindo a Euribor.

É precisamente a difícil relação entre bancos que justifica as recentes descidas das outras Euribor, acredita João Loureiro, presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Economia do Porto. Se em Agosto, quando rebentou a crise nos EUA, os bancos começaram a desconfiar uns dos outros e fizeram disparar o juro ao qual emprestam dinheiro entre si (a Euribor), em Setembro viram que não houve pânico generalizado e deixaram baixar o juro.

Sol de pouca dura

Não é possível dizer quando terminará esta relativa tranquilidade, mas nem César das Neves nem João Loureiro esperam que continue muito tempo. O professor da Católica diz ter confiança na capacidade dos bancos centrais para gerirem injecções de dinheiro e as taxas de juro directoras, de forma a controlar o mercado financeiro internacional e evitar uma escalada dos juros. Se assim for, admite que as taxas regressem a um valor «natural», que não será muito superior ao que existe hoje, defende. Mas não acredita que no futuro próximo voltem a situar-se nos valores baixíssimos registados até 2005.

Também João Loureiro espera que o BCE reganhe controlo da política monetária europeia, perdida quando rebentou a crise. «Hoje, a Euribor varia em função da desconfiança mútua da banca e não das decisões do BCE, que está a tentar retomar controlo com injecções de dinheiro junto dos bancos. Ainda não é claro, disse, que o tenha conseguido».
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