Qimonda: atrai investidores com argumento de apoio público - TVI

Qimonda: atrai investidores com argumento de apoio público

Qimonda

Outro alternativa será manter-se como centro de investigação, o que representaria o fim das fábricas

Relacionados
A Qimonda está a tentar atrair investidores privados, sobretudo na Ásia, com o argumento de que terá apoios públicos, nomeadamente de Portugal e do Estado da Saxónia, revelou esta segunda-feira o jornal «Die Welt».

O matutino alemão diz ter tido acesso a um documento confidencial que constitui a base para as negociações em que se afirma, a dado passo, que «a manutenção de quatro mil postos de trabalho na Alemanha e em Portugal abre caminho a importantes apoio do Estado», avançou a Lusa.

Portugal já se comprometeu a assumir 14 por cento do capital da Qimonda ou de uma nova sociedade, desde que sejam salvaguardados mais de mil postos de trabalho na fábrica de Vila do Conde.

O Estado da Saxónia, em cuja capital, Dresden, está a fábrica-mãe, também está disposto adquirir 25 por cento e uma acção da Qimonda, o que lhe daria uma minoria de bloqueio.

Potenciais interessados

Para isso, no entanto, exige que haja um grande investidor privado e um plano concreto de negócios.

O gestor judicial, Michael Jaffé, confirmou nos últimos dias contactos com a empresa estatal chinesa Inspur e com a Taiwan Memory Company, que já admitiram ter interesse na Qimonda.

A imprensa alemã referiu também haver interesse do consórcio estatal russo Angstrem, não confirmado até agora por Jaffé.

No documento citado pelo Die Welt, que tem o título de «Uma Hipótese de Investimento-A Nova Qimonda», prevê-se a fundação de uma nova firma, a NewCo, herdeira da Qimonda, mas já sem dívidas.

Tal permitiria «extrair os activos mais valiosos» da actual Qimonda e passá-los para a nova empresa, invoca o gestor judicial, no documento que se destina a apresentar a nova Qimonda a eventuais investidores.

A apresentação prevê também novas reduções de pessoal e refere que a NewCo deveria arrancar a nível mundial com 5300 trabalhadores, em vez dos 8700 actuais.

A Qimonda mantêm ainda cerca de 1300 na fábrica de Vila do Conde, 2780 na fábrica-mãe, em Dresden, 3700 na fábrica da Malásia e 1100 na sede, em Munique.

Segundo o documento citado pelo Die Welt, na Alemanha deveriam manter-se, no cenário mais favorável, 2990 postos de trabalho, e em Portugal cerca de mil.

Pode-se manter apenas como centro de investigação

Outra hipótese, a mais drástica, seria manter a Qimonda apenas como centro de investigação, em Munique, sem unidades de produção, o significaria o fim para as fábricas de Dresden, Vila do Conde e Malásia.

O documento traça ainda um cenário intermédio, em que a Qimonda teria um centro de investigação e uma pequena unidade de produção.

Na próxima quarta-feira, o Tribunal Administrativo de Munique deverá aceitar o requerimento de falência apresentado pela Qimonda a 23 de Janeiro, e confirmar Michael Jaffé como gestor judicial.

A partir desta data, cerca de 90 por cento dos trabalhadores na Alemanha transitarão para uma sociedade provisória, em que deverão permanecer, no máximo, quatro meses, a aguardar que surja novo investidor.

Em Dresden, 93 por cento dos trabalhadores aceitaram na semana passada a proposta de transferência, que Jaffé considerou essencial para poder continuar a procurar capitais privados.

Os restantes trabalhadores, cerca de 500, manter-se-ão nas instalações, para fazer a manutenção da fábrica, de forma a que a produção, que cessa também a 1 de Abril, possa ser reatada imediatamente, se necessário.
Continue a ler esta notícia

Relacionados