«Mercado automóvel perdeu 160 mil veículos em seis anos» - TVI

«Mercado automóvel perdeu 160 mil veículos em seis anos»

  • Sónia Peres Pinto
  • 29 jan 2007, 20:15

O secretário-geral da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) prevê um crescimento das vendas de 1,5%, para este ano, depois do sector ter registado em 2006 quebras na casa dos 5%. Hélder Pedro reconhece, no entanto, que estas «boas notícias» poderão ser assombrados com o possível aumento das taxas de juro.

Relacionados
O sector sofreu em 2006 uma quebra de vendas na ordem dos 5 por cento. A que é que se deveu esta descida?

No início do ano de 2006 prevíamos uma ligeira quebra de 1% mas ao longo do ano fomos revendo em alta esta previsão, sobretudo no último semestre em que se verificou uma descida mais acentuada.

E porquê?

Apesar da nossa economia na globalidade ter um comportamento positivo pela via das exportações, no que respeita ao consumo as coisas não são famosas. O consumo privado tem uma evolução praticamente nula, em termos de formação bruta de capital fixo que está relacionado muito com a aquisição de veículos para renovar frotas por parte das empresas também sofreu uma descida. O próprio desemprego teve oscilações de algum modo negativas ao longo do ano. Isto tudo culminou com a quebra de confiança. No último semestre, o segmento de particulares esteve muito estagnado e contribui muito para esta quebra de 5,7%.

Por outro lado, assistiu-se ao aumento das vendas no segmento de luxo.

Esse é um nicho de mercado, é um segmento muito pequeno, vendem-se dezenas de unidades mas o que condiciona o mercado são os segmentos de volume, que representam os 80 a 90% do total. Estes nichos por uma questão de um modelo ou outro ou por venderem mais umas dezenas de unidades notou-se uma evolução de várias décimas percentuais. Mas isso também acontece em outros sectores da economia, os nichos de mercado resistem mais às crises. Isso acontece também no imobiliário, quando há uma crise no sector, os apartamentos que todos compram sofrem uma quebra mas os mais caros continuam a vender-se.

Para 2007 a ACAP prevê um crescimento de 1,5%?

Mal seria se continuássemos com esta tendência negativa como aconteceu em 2006. O mercado entre 2000 e 2006 perdeu 160 mil veículos, um mercado com uma dimensão pequena como é o nosso, perder neste espaço 160 mil vendas foi muito grave para as empresas, que tiveram de se redimensionar e readaptar. Este ano não vai ser um ano de retoma mas acreditamos que se assista a uma ligeira evolução positiva. Também os indicadores vão nesse sentido, há um ligeiro crescimento do consumo privado, há uma melhoria do índice de confiança e há uma estagnação da taxa de desemprego.

Mas os números divergem com os da Anecra que fala em quebras de vendas na ordem dos 3%?

Não comentamos, porque não representamos o mesmo universo.

Qual seria o crescimento ideal?

Seria voltarmos aos valores de 2000. O mercado português ainda não atingiu um nível de maturidade, temos o nível de capitação mais baixo dos países da zona Euro. Deveríamos estar, por exemplo, mais próximos da Bélgica.

Qual é o nível?

Um veículo por 2,2 habitantes, a média dos países europeus é de 1,5.

Mas se as taxas de juro aumentarem poderemos assistir a uma nova quebra das vendas?

O possível aumento das taxas de juro causa-nos alguma preocupação, é uma incógnita que poderá afectar a nossa previsão de crescimento. A grande maioria dos portugueses tem outros empréstimos, nomeadamente, o crédito à habitação. Se assistirmos a taxa de juro, os portugueses poderão adiar a decisão da compra ou troca de veículo. Poderá ter um impacto negativo.

Veja o vídeo
Continue a ler esta notícia

Relacionados